A luz dos astros sobre O Líder em Movimento

Diferente de todas resenhas e críticas que eu fiz, acho que essa é a primeira que uso elementos de oráculos para construir. Se você é um curioso ou tem afinidade pelo assunto será um passeio interessante por esse trabalho. Caso você não acredite em nada eu te convido para adentrar nessa análise e deixar preconceitos de lado. 

É difícil justificar o porquê desse olhar em uma resenha, mas achei interessante fazer esse paralelo com os astros e numerologia. O álbum fala sobre movimento e todo seu andamento é costurado de uma forma evolutiva e reflexiva que soa como uma conversa pessoal de forma expansiva. (rimou)

O álbum nasce com o sol em virgem e em um momento caótico para humanidade onde, ao contrário do título, estamos em uma grande pausa e um Brasil carente de líderes. “Melhor que um líder sábio, é só um povo sábio”, esse trecho da faixa “Pessoas” é a chave que constrói toda essa conversa que Abebe Bikila, ou BK, apresenta no álbum. Em uma entrevista que ele deu para o Uol o artista faz menção a crítica de Mano Brown sobre voltar para a base e ensinar o povo. 

Capa do álbum

O disco começa falando sobre o movimento e responsabilidade que um líder precisa ter e a maneira altruísta que ele deve se comportar de até dar a vida por seu povo. Não por acaso a numerologia do título do álbum é o número 9 que fala sobre altruísmo, fim de ciclos onde desejos são satisfeitos. É cura em forma de escrita. Regido por um planeta em mercúrio, que é mutável, O Líder Em Movimento possui ascendente em touro, signo da terra que fala sobre materialidade, conforto e estabilidade. O primeiro verso, após o refrão, de “Bloco 7” é “Mandamos e trabalhamos” que é outro tema importante trabalhado no disco, mas com um mercúrio em aquário ele mostra seu desprendimento material falando em “Universo” que ele só tem a vida dele. 

O projeto é o primeiro que ele assina com seu nome de batismo, Abebe Bikila, que na numerologia é o número 5 que é da responsabilidade e versatilidade. Os aspectos presentes em sua pessoa, segundo o 5, estão ligados a evolução e mudanças, também fala sobre a apreciação dos prazeres mundanos que já ouvimos nos seus trabalhos anteriores. Porém esses prazeres foram deixados de lado nesse álbum e deve ser por isso que a faixa “Amor” que sugeriria um love song é um questionamento sobre lealdade. Um líder precisa ser altruísta! Bk é pisciano* com vários planetas no signo e enxerga o mundo de uma forma mais sensível também lida com as necessidades da carne. O Líder em Movimento é extremamente pessoal e como disse meu amigo, Felipe Adão, tem muito de Damn do Kendrick Lamar e Black On Both Sides do Mos Def. Imagino que deve ter sido difícil conciliar essa conversa pessoal como uma forma de educação. Precisávamos ouvir esse “albo”. Precisávamos dessas palavras e é isso que um líder faz! 

Com a vênus em leão na casa 3, o álbum é recebido pelo público com um carinho muito grande pelo trabalho do artista. Essa é a visibilidade que venûs em leão gosta. A mensagem foi lançada para seu povo. O chamado foi feito e que venha  o juízo após um ano de  grande expurgo. Fechamos essa década com um ano solar! É um fechamento de ciclo que é apontado no número 9. Eu consultei o tarot antes de começar a escrever e as cartas “Juízo”, “Imperador” e “Sacerdote”, que saíram nessa sequência, aponta um caminho para essa construção. De forma literal e muito significativa as cartas conversam com o propósito do Líder em Movimento.O juízo para encerrar e cobrar, o Imperador para liderar e o sacerdote para cuidar do povo. 

As últimas faixas, “Pessoas”, “Lugar” e “Universo” narram sobre o pertencimento ao universo pessoal e expansivo que é aquele onde jogamos os nossos desejo. “Universo” não vê bem, não vê mal, ele vê verdades.Por que tu acha que eu não minto?”. Todos esses conhecimentos milenares que apresentei ao longo do texto, tem em sua filosofia o movimento. O nosso conhecimento ancestral foi passado em forma de música. É muito difícil separar a música negra de toda a espiritualidade que ela foi construída. Do jazz ao axé nos conectamos de uma forma espiritual e onde nossa evolução é extremamente pessoal e ao mesmo tempo coletiva. 

*Eu fiz um mapa astral sem saber a real hora de nascimento. Como o dia 20 é a virada do signo de Peixes para Áries é possível que tenha uma diferença, mas o mapa todo tem vários planetas em peixes.

Cíntia Savoli lança álbum intitulado “Sinestesia”

Um álbum de uma mulher para todas as outras! Cíntia Savoli lança nessa sexta, 17 de agosto, o seu álbum Sinestesia. Em seu segundo trabalho a mc fala sobre sua maternidade solo e dificuldades que enfrentou e enfrenta em sua carreira no rap nacional. Suas linhas vem totalmente agressivas, como a vida foi e ainda é para Cíntia mãe, mulher e mc.

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Foto: Rafael do Anjos

CLARA AVERBUCK apresenta:

“Ser mulher nunca foi uma coisa só. Nem duas. Vivemos, por anos, na dicotomia da santa e da puta, da mulher pra casar e da mulher pra fuder. Da mulher “que usa a cabeça” e da mulher que “usa a bunda”. Chega, né? Ser mulher não é uma coisa só e o álbum da Cíntia Savoli aborda várias nuances de sua experiência pessoal: maternidade, a agressividade que dizem que não podemos ter, amor, romance, delicadeza e o cansaço que todas nós sentimos de hora em vez.

Em seu segundo trabalho, ela buscou ter um conceito que permeasse as faixas e isso veio fluindo naturalmente depois que leu “Mulheres que Correm com os Lobos”, que trata justamente de histórias de mulheres selvagens, que habitam ela, habitam a mim e tantas outras. Mais do que uma simples coletânea de arquétipos, é capaz, como as músicas de Cíntia, de trilhar em nós um caminho de através de experiências, cicatrizes e identificação, independente de nossas diferentes trajetórias.

É um álbum feito por uma mulher, claro, mas, diferente do que quer o senso comum, isso não o torna um disco “para mulheres”. É música, afinal, que pode e deve ser apreciada por todo mundo que tem apreço por ideia, beats e melodias, com participações de DaGanja e Celo Dut, produção de Hugo Rodrigues, mix/master do experiente Iky Castilho e direção artística/produção executiva do coletivo MARRA. O rap em seu estado original, com a personalidade que a artista trabalha e carrega em seus 20 anos de carreira.”

Clipe 

 

 

CAPAOFICIALLINK PARA O ÁLBUM: https://spoti.fi/2Bk3jOC

Álbuns que você precisa ouvir: It’s Dark and Hell Is Hot

Chegou o grande momento! Um dos álbuns mais polêmicos e aclamados dentro do estilo gangsta rap/ Hip Hop Hardcore. Estamos falando do clássico It’s Dark and Hell Is Hot que foi lançado no dia 19 de maio de 1998 e foi a estreia de Earl Simmons ou DMX!

O álbum que estreou em #1 na Billboard 200 surgiu em um momento chave na cena do rap. Ele veio após o Hip Hop ter perdido dois grandes ícones, Tupac e Big!

O disco foi bem recebido pela crítica. A revista Hip Hop The Source descreveu como “Uma obra capaz de englobar o apelo de uma das novas sensações do rap”.

DMX surgiu na cena cheio de ódio! Conhecido por sua voz áspera e suas imitações de latidos (é minha gente, se esse homem grita cmg eu fico chorando uns três dias), ele colocou toda essa energia em suas letras. It’s Dark and Hell Is Hot foi lançado pela Ruff Ryders Entertainment e a Def Jam Recordings. Com beats sombrios e letras extremamente violentas o álbum reflete a personalidade, nada fácil, de DMX.

Entre as faixas destaques estão os singles “, “Get at Me Dog”, “Stop Being Greedy”, “How’s It Goin’ Down” e “Ruff Ryders Anthem”.

A faixa Crime Story possui o mesmo sample do nosso clássico Diário de um Detendo. A música é Easin’ In do cantor Edwin Starr.

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Uma das faixas do álbum que gera bastante discussão é a “X-Is Coming”. Assustadora, a música começa com uma contagem semelhante a música do Freddy Krueger. Carregada de violência, a faixa levanta polêmicas em diversos meios, pois fala sobre assassinato e estupro. O próprio DMX tinha um “lifestyle” bem polêmico na época, mas podemos falar sobre sua biografia me outra hora. Voltando a música, que é muito utilizada para ilustrar post de “músicas machistas e agressivas”, eu tenho minhas ressalvas. Assim como um autor ou roteirista, uma rapper também conta uma história em suas músicas. Eles constroem narrativas ao longo de seu disco. Então, devemos consumir o álbum como se fosse um filme narrado.

Ouça aqui o álbum completo

 

 

 

Top 7×7 dos melhores de 2017

Álbuns 2017 - RapEmmovi

E o ano lírico realmente chegou? O tão falado e prometido ano lírico veio para o rap nacional. Após o marco do Sulicídio a cena do rap BR teve uma ascensão. Como disse Rincon Sapiência (um dos grandes destaques deste ano), no cypher Poetas no Topo 3.1:

R.A.P, tava deprê

Não pegava um sol e nem transava

Tava longe do barraco e do apê

E na rua a resenha tava bem braba

Ele voltou, reapareceu

Seu nome tava numas boca bem paia

Tava pálido, agora já escureceu

E por falar em poetas no topo, que ano para a Pinapple! Diversos cyphers, acústicos e perfis. E muitas polêmicas também, mas vamos deixar polêmica para o ODB!

Você pode até não se identificar com muitos que estão em destaque na cena, mas tem que concordar que eles estão movimentando bastante o rap nacional.

Voltando para Sulicidio, eu vi que a música já completou um ano! Podemos classificar a cena do rap nacional como “Rap nacional antes de Sulicidio (a.s) e depois de Sulicidio (d.s) ”. Profético? Talvez.

Podemos contar a história do rap nacional a partir desse marco. Depois de tantas diss e tantas promessas de diss. Vieram os reactions e o youtube que vem pagando o almoço de muita gente, frase essa que é do álbum Regina do Nill. Que inclusive está na lista de álbuns do ano.

Antes de chegar nos álbuns do ano e nos destaques eu resolvi fazer essa breve introdução. Nosso rap está se tornando cada vez mais profissional e ganhando mais espaço. Grupos de discussão, labels, cyphers e outras mais produções vem fortalecendo o mercado do rap. Sim, mercado! Já estamos indo para 2018 e não tem o porquê você se escandalizar que um rapper ganha dinheiro com sua música. Pode parecer absurdo esse tipo de pensamento, mas é real.

Mas vamos voltar a falar do Baco, que também entrou na lista do Rap em Movimento como destaque do ano com o álbum Esú. O baiano abriu os olhos do consumidor de rap para outros estados e outras cenas que também são importantes. Vivemos em um país multicultural e o estilo musical mais do que nunca está passando por diversas mudanças. Estamos nos alimentando dos modelos da cena dos EUA, mas dando aquele toque BR. 

O que eu espero para 2018 é que o rap nacional venha se desenvolver muito mais e ter mais espaço para abrir um mercado. 

Sem mais delongas vamos aos álbuns do ano! Escolhi 7 álbuns nacionais e 7 álbuns da gringa. Por que 7? Números cabalísticos? Talvez rsrsrrs

Os álbuns estão na ordem de sua importância, para essa que vos escreve. Podem haver controvérsias, mas o álbum do Joey entra em primeiro por obter um conteúdo político muito forte e pela evolução visível do artista. Kendrick já está consagrado desde o álbum To Pimp a Butterfly. Inegavelmente o ano de 2017 foi de Kendrick, mas All Amerikkkan Badass tocou na ferida de assuntos atuais e surpreendeu muita gente!

Pensei muito para compor essa trindade, pensei em encaixar o 4:44 várias vezes, mas não poderia tirar o Bada$$ e nem o Kendrick. Mas o Flower Boy é um putaa álbum! Que álbum senhores. Tyler, o criador (para os BR), levantou polêmicas sobre sua sexualidade e nos presenteou com uma obra prima.

Da gringa

  1. All Amerikkkan Badass – Joey Bada$$
  2. DAMN – Kendrick Lamar
  3. Flower Boy – Tyler, The Creator
  4. 4:44 – Jay Z
  5. Neva Left – Snopp Dogg
  6. You Only Live 2wice – Freddie Gibbs
  7. Culture – Migos

Rincon Sapiência e Baco são os homens do ano para o rap nacional! Sem mais! Nessa trindade entra o álbum sensível do nosso querido cronista, Rodrigo Ogi. Fez até marmanjo chorar! Depois do icônico álbum RÁ!, Ogi veio com essa paulada mostrando todo seu sentimentalismo e maturidade. Um dos grandes destaques da lista também é o álbum do Primeiramente. Lançado no finzinho do ano o trampo está impecável com uns vocais pesadíssimos de NP! Me surpreendi demais com esse lançamento.

Rap BR

  1. Esú – Baco Exú do Blues
  2. Galanga Livre – Rincon Sapiência
  3. Pé no Chão – Rodrigo Ogi
  4. Heresia – Djonga
  5. Rimas e Melodias – Rimas e Melodias
  6. Na Mão do Palhaço – Primeiramente
  7. Regina – nILL

Cyphers do ano

Vida Real – Correria – Makonnen Tafari – Baco Exu do Blues – Lukas Kintê – Vandal & Ravi

Avuá – Emicida, Rael, Kamau, Coruja BC1, Drik Barbosa e Fióti

Singles destaques 

Bodak Yellow – Card B

Crew – Goldlink ft Shy Glizzy, Brent Faiyaz

CherryBlossom – Solveris

Flow de Lázaro – Froid

OGI fincando o “Pé no Chão” do ano lírico

Não sei se 2017 é o ano lírico de fato, 2018 pode ser melhor, nunca se sabe não é mesmo? Mas o fato é que, Rodrigo OGI não poderia ficar de fora do ano que ganhou tal apelido.

Digo isso porque o cronista já tem lançado trampos de qualidade lírica invejável a um tempo, e a cada novo disco é perceptível a evolução do artista. Um MC que mantém seu estilo (a gente falou um pouco sobre isso nesse post aqui), no decorrer dos anos sem cair na mesmice e ficar clichê.

O disco já me impactou logo de cara, pois já dá um prelúdio de como vai ser o EP, começa com a voz do escritor João Antônio fazendo um paralelo entre o da escrita com o seu bem estar, é basicamente o OGI dizendo para o ouvinte que para se manter com o Pé no Chão, ele precisa fazer aquilo que sabe fazer de melhor, que é escrever.

É preciso realmente acreditar em escrever
Eu acredito que vale a pena escrever
Como vale a pena viver
No meu caso específico
Como a arte de escrever não é apenas um ato intelectivo ou intelectual
Chame vocês como quiserem
É um ato de vida, é um ato visceral
Eu não sei como é que eu viveria sem escrever
Alias, só vale viver escrevendo
Se eu não estiver escrevendo, a minha vida vai muito mal

Pé no Chão é um disco que mostra um certo amadurecimento pessoal do artista, pois ele narra suas mudanças de hábitos necessárias por conta das novas fases que vêm acontecendo, tanto na vida pessoal quanto na carreira.

O artista sempre manda muito bem na narrativa, com jogos de palavras bem colocados entre situações cantadas que podem ser vistas ao serem ouvidas, e sempre usando muito bem as referências, seja do mundo musical, dá nona arte, filmes… Enfim, vovô OGI sabe fazer um bom Rap mantendo seu estilo.

O disco foi produzido pelo Nave, mesmo produtor do aclamado “Rá!”, e conta com as participações de Bruno Dupre, Kiko Dinucci, Laudz, Marcela Maita, Emicida, Coruja BC1 e Diomedes Chinaski.

O EP “Pé no Chão”, na minha humilde opinião já tem lugar cativo na lista de grandes discos do tal “ano lírico”, pela qualidade do artista, dá produção, das participações e porque é um disco de alguém que não precisa ficar gritando pra ser notado na cena (tem quem precise disso), ele é visto porque é bom.

Ouça abaixo o EP “Pé No Chão”:

Dois anos de “Bad Neighbor”, colaboração entre Madlib x Blu x MED

2 anos do lançamento de “Bad Neighbor”, a colaboração entre Madlib, Blu e MED.

30 de Outubro de 2015 era lançado o álbum “Bad Neighbor”, uma colaboração entre o produtor Madlib e os MCs MED – parceiro de longa data do produtor e também membro da gravadora Stones Throw, e Blu, outro grande MC com grande um clássico na rua, “Below The Heavens”, que esse ano completou 10 anos.

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Madlib, Blu e MED

O trio já havia lançado um trabalho anterior, “The Burgundy EP”, e chegou com uma proposta muito boa nesse disco: rimas sem muito compromisso ou temática específica e uma produção impecável do Beat Konducta. Gosto da forma como Madlib se reinventa a cada trabalho, fazendo o boom bap bater de formas cada vez mais inesperadas.

 

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Para as participações, um time de peso: MFDOOM chega com o bom e velho flow brilhante em “Knock Knock” que soa como uma faixa de Funky músic dos anos 70. Anderson Paak compôs um refrão maravilhoso para a faixa “The Strip”, mesmo eu sendo apaixonado confesso nos versos e a entrega do Blu no som. Em “Burgundy Whip” temos Jimetta Rose com um vocal lindo no refrão e mais uma vez o Blu arregaçando nas rimas. O clipe dessa faixa é outra coisa que vale muito a pena dar uma conferida, parecendo um filme 70′ analógico.

Aloe Blacc (aquele mesmo da “Blue Avenue”, faixa do Jazz Liberatorz e de tantos outros trabalhos bacanas) participa de “Drive In”, que soa como uma música de amor e para amar. Clima esse que também aparece em “The Buzz”, com participação de Mayer Hawthorne. Além desses nomes de peso, temos Hodgy Beats na faixa “Serving”, com um instrumental fudido. Porém, para mim, a cereja do bolo é “Streets”. Nela temos DJ Romes e Oh No, DJ, produtor e irmão de Madlib. Esse instrumental já existia há alguns anos em alguma versão da Medicine Show, e foi adaptado para o disco. Aqui é só mais um exemplo do que Otis Jackson pode fazer com uma SP404 e alguns discos de jazz

Apesar de não ter passado pelos holofotes do mainstrem, “Bad Neighbor” teve avaliação 7.2 no Pitchfork, 81/100 no site Metacritic e uma nota 4/5 nos sites HipHopDX e AllMusic, assim como foi muito bem recebido por várias outras mídias especializadas em música. O grande atrativo dele são os instrumentais impecáveis, as rimas de dois dos grandes MCs da cena underground e o peso das participações, fazendo o “Mau vizinhos” ser lembrado com muito respeito e admiração, 2 anos depois teu lançamento.

Ouça “Bad Neighbor”.

A geração que cresceu ouvindo “Diário de um Detento”

“São Paulo, dia 1º de outubro de 1992, 8h da manhã”

Se não vier um sininho sinistro na sua cabeça e você não souber completar a próxima frase volte pelo menos uns 20 anos no rap nacional.

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Posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que essa é uma das letras mais geniais da música brasileira. Além de ser uma denúncia de um dos episódios mais sangrentos do sistema carcerário, que mesmo após 25 anos os responsáveis seguem impune, ela expõe em alto e bom som (papel fundamental do rap) a realidade. Geralmente quando alguém me pede alguma sugestão de rap nacional da velha escola eu sempre indico Diário de um Detento.

Todo dia 2 de outubro, desde que descobri essa música, é um dia de reflexão. Depois que comecei a ler mais sobre o massacre e ouvir outras histórias, a cada ano meu acervo de informações sobre o Carandiru fica maior. Gosto de pensar que cada jornalista tem um “caso especial” com algum evento na história brasileira. O meu foi o 2 de outubro de 1992. Por escrever sobre rap e estar imersa nessa cultura de diferentes formas a clássica música dos Racionais Mc’s cumprem o papel de dar voz a todos os excluídos e presidiários estão inseridos nessa conta.

Foram 111 mortos (pelas contas “oficiais”), esse número ecoa na minha cabeça toda vez que eu leio qualquer matéria ou notícia sobre o assunto. Me incomoda tanto quanto aquele beat constante da música. Me incomoda da mesma forma de saber que um som de 8 minutos não tem refrão e é uma narrativa de um cotidiano. Desde que comecei a ouvir a música a cada ano eu entendo ou descubro o significado de uma linha diferente.

O que incomoda é saber que diante dessa barbárie as chacinas não diminuíram e a impunidade ainda se mantém. Que o pensamento das pessoas ainda continua o mesmo “bandido bom é bandido morto”. Podemos dizer que o que teve início no Pavilhão 9 ainda ecoa. Não tivemos nenhuma lei ou mudança no sistema carcerário que tenha mudado significativamente, pelo contrário, estamos nadando contra a maré de países desenvolvidos para poder diminuir a maioridade penal.

O que Brown cantou diretamente do diário de Jocenir virou um mártir. Não sei se o que me levou para o jornalismo foi a vontade de mudar o mundo ou a vontade de denunciar tudo aquilo que eu cresci vendo. Não sou mc, mas hoje uso minhas palavras para fazer essa denúncia. Cresci ouvindo o álbum Sobrevivendo no Inferno e sei da importância que ele teve para minha formação como pessoa. Obrigada Racionais Mc’s! 

O Rap em Movimento reuniu o depoimentos que falam de como se sentiram ao ouvir esse som pela primeira vez e o que sentem ainda. São Jornalistas, Mc’s… pessoas comuns:

A primeira vez que ouvi Diário de um Detento eu tinha uns 8 a 9 anos. Com 10 pra 11 eu sabia a letra de trás pra frente. Mas eu não entendia o que ela significava.Quando eu tinha 11, quase 12 anos, fui ao cinema assistir ao lançamento do filme “Carandiru” e então tive aquele momento “mind-blow” em que tudo fazia sentido.A poesia contida nessa música começou a me incomodar. E toda vez que eu ouvia a música minha mente ficava cheia de imagens do filme. “Também em 2002 aconteceu na TV uma onda de “reportagens especiais” sobre o massacre, por conta dos 10 anos do mesmo. E as imagens se somavam na minha cabeça, me deixando cada vez mais perturbado ao ouvir o som.

Confesso que por alguns anos eu preferia nem ouvir a música… Quando eu tinha uns 15 eu peguei emprestado o livro “Estação Carandiru”, do Drauzio Varella, e nele me atentei mais aos relatos do cotidiano da cadeia e histórias dos personagens do que no fato do massacre em si. Isso me trouxe outra ótica da música. Passei a prestar mais atenção no que vinha entre Aqui estou mais um dia…. e “dois a dois considerados passaram a discutir”… e menos atenção ao final… E redescobri a poesia novamente de outra forma. Voltei a gostar da música. Parou de me incomodar tanto.

Foi uma música que, junto com outras do grupo Detentos do Rap, escancarou a realidade do sistema carcerário, que ainda é precária pra caralho, mas antes era tudo por baixo dos panos. Poderia ficar horas falando sobre as reflexões que essa poesia me trouxe…Mas quem vai acreditar no meu depoimento?” João Augusto a.k.a Mamutti 011, Mc

“O banco de trás de um chevette tubarão. Qualquer data entre fim de 1999 e primeira metade de 2000. Foi assim a primeira vez que ouvi Racionais e, coincidência ou não, Diário de um Detento. O namorado da minha tia sempre escolhia com muita calma os CDs que colocava perto da gente, coisa leve, mas não sei como nesse dia acabou caindo pro rap. Foi impressionante. Aquilo ficou girando na minha cabeça por muito tempo e eu passei dias com a música entalada na garganta, ou pelo menos os recortes dela que eu lembrava. Segui escutando, um pouco mais velho e com a feliz chegada da internet banda larga em 05/06, mas a verdadeira mudança de perspectiva veio pra mim no fim de 2012, quando mudei pra Zona Norte.

Passar pela sombra do Carandiru todos os dias, olhar o espaço enorme que costumava abrigar a casa de detenção no meio da cidade diariamente é sufocante. Se o papel da arte é transmitir vivência e sensações, é impossível pensar num exemplo que fez isso tão bem quanto Diário de um Detento. O desamparo, o medo, o fatídico fim, cada rima expõe o cotidiano e a loucura que os moradores do Carandiru viveram. Dá pra escutar uma, duas, dez, cem ou mil vezes. O impacto permanece. A dor é viva. A gente não esquece. Não perdoa.” Pedro Catarino, Jornalista

Confira as outras matérias que fizemos em especial a esse álbum icônico:

20 anos de “Sobrevivendo no Inferno”

Rapaz Comum 

 

18 anos de “Murda Muzik”, o quarto albúm do duo Mobb Deep.

Há 18 anos atrás, em 17 de Agosto de 1999 o duo Mobb Deep cuspia fogo com mais um clássico nas ruas. Intitulado “Murda Muzik” era o quarto disco e estúdio do grupo, que daria vida aos hits Ïts Mine” com participação do Nas, “Let A Ho Be A Ho”, “Spread Love” “Whats Ya Poison” e um dos maiores clássicos do grupo, “Quiet Storm”.

O disco foi praticamente todo produzido pelo Havoc, com participação também de The Alchemist, Epitome Shamello Buddah, Jonathan Williams e T-Mix nas batidas. As rimas ficaram por conta também de Havoc, Prodigy (esteja em paz, negão!), participações de Nas, Cormega, Big Noyd, Kool G Rap, Lil Kim e Raekwon.

O disco atingiu #3 nas paradas da Billboard 200, #2 no Top R&B/Hip Hop Albums e #6 no Top Canadian Albums.

É, pra mim, o segundo melhor trabalho do grupo, o que mostra a era de ouro da dupla do Queens na década de 90. Sujo, violento, marca registrada de uma das maiores duplas da história do Hip-Hop.

Quem não conhece, dê um play com atenção aqui em baixo.

Quem conhece, qual o teu som favorito?

#RIPProdigy

https://www.youtube.com/watch?v=fNo_U9_38-0

Álbuns que você precisa ouvir : All Eyez on me

Chegou a hora de falar de um dos clássicos do 2pac. Vamos falar de All Eyez on Me! Lançado em 13 de fevereiro de 1996, All Eyez on Me é o quarto álbum de estúdio do rapper. Regado de clássicos é considerado um dos melhores lançamentos dos anos 1990 (apesar de eu achar o Ru still down mais pancada, mas isso rende outra resenha).

Vamos aos números do álbum: Primeiro álbum duplo da história do rap; Teve nove certificados de platina pela RIAA em 1998;Os singles “California Love” (HINO) e “How Do U Want It” ficaram em primeiro lugar em todas as paradas norte-americanas.

All Eyez on me foi o segundo álbum de 2pac a chegar nas paradas da Billboard (o primeiro foi Me against the world). Também é um dos álbuns mais vendidos de Pac.

Com toda certeza All Eyez on Me é o auge da carreira de Pac. Além dos singles saíram vários clássicos do álbum, “All Eyez on Me”,  “Of Amerikaz Most Wanted” e “Ambitionz Az a Ridah”.

O álbum tem participações lendárias de Outlawz, Snoop Dogg, George Clinton, Nate Dogg, House of Pain, Dr. Dre, Method Man e Redman.

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Início da era Death Row

Outro fato importante sobre esse álbum é que ele foi lançado pela Death Row Records! (Alô galera das teorias da conspiração) 2pac assinou com a gravadora após Suge Knight ter pago sua fiança. O rapper havia feito um acordo com o empresário, sua liberdade em troca de assinar com a Death Row. Ele chegou ao estúdio poucas horas depois de ser solto da prisão para começar a trabalhar nas 27 faixas.Tupac terminou o álbum em apenas duas semanas.

 

Pac e suge
Tupac e Suge Knight

Faixas destaque

Pac abre o álbum com a música “Ambitionz az a Ridah” onde fala sobre o tiroteio em uma gravadora em 1994, no qual ele levou cinco tiros. Com um beat sinistro e muito ódio nas rimas, Pac abre o disco descendo a letra em todos que o traíram de algum modo. O cara tinha acabado de sair da cadeia, eu não esperaria menos ódio que isso.

“That’s why they tried to set me up. Had bitch-ass niggas on my team, so indeed they wet me  up” (Tinha uns pilantras no meu time, e eles também foderam comigo)

Ele também associa o episódio do tiroteio com a acusação de abuso sexual que o levou para a prisão. Nesta mesma faixa ele fala que voltou reencarnado (e com várias paranoias).  

Outra faixa que merece bastante destaque é a California Love, com um sample  de nada mais nada menos que Zapp a faixa é um verdadeiro clássico e deveria ser um hino da Califórnia! Além do clipe ser gravado ao estilo de Mad Max. Dr. Dre que começa a música com a célebre frase; “Now let me welcome everybody to the Wild Wild West”

O álbum é uma mega produção de qualidade, com beats e samples marcantes além de participações mais do que especiais. All eyez on me é um clássico. Mais do que isso ele é um marco na carreira de Tupac. Existem muitas teorias sobre a morte de Tupac e uma delas está ligada ao CEO da Death Row, Suge Knight. O álbum começa a seguir uma linha sinistra em suas rimas e beeem mais carregado de ódio direcionado.

Diferente dos trabalhos anteriores de Pac esse marca ele carrega até seus últimos trabalhos e seu álbum póstumo que é o “Ru Still Down”.

Confira aqui o álbum completo:

https://www.youtube.com/watch?v=8AhInjNehks

[Não é somente uma capa] | “Things Fall Apart”, o clássico do The Roots em 5 capas, por Kanye Gravillis.

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Qual a sua primeira reação ao ver esta capa?

A minha foi uma risada. E isso diz muito sobre as primeiras impressões que temos diante de certos símbolos, sem antes prestarmos atenção em cada parte dele.

Quando olhei pela primeira vez, rapidamente, para a arte criada pelo artista Kanye Gravillis, eu sorri por achar que a mulher da foto estava sorrindo também. O que é hilário, de certa forma.

Como pude perceber depois, olhando por mais alguns segundos, e fazendo uma leitura mais detalhada, vi que, na verdade, a mulher estava chorando, com um semblante de pavor, seguida por um companheiro, também correndo — da polícia.

O contexto do disco explica o que a capa sintetiza em uma imagem: violência, medo, racismo e um mundo em chamas, imerso em problemas sociais e calamidade.

Uma igreja queimada, uma cena de uma revolta no bairro Bedford-Stuyvesant do Brooklyn, a mão do mafioso assassinado Giuseppe Masseria, uma criança chorando e uma criança que gritava entre destruição em Xangai após o ataque da Segunda Guerra Mundial são as imagens que o diretor de arte costumava exibir para mostrar a humanidade em suas horas mais sombrias.

01# | ”Mulher correndo”

The roots -

Data: 1960s
Fotógrafo: Desconhecido
Localização: Bedford-Stuyvesant, Brooklyn

Contexto: Políciais perseguem dois adolescentes negros em Bed-Stuy durante uma revolta. Esta imagem viria a representar o racismo e a injustiça na era do Movimento dos Direitos Civis.

“Esta tornou-se a obra de arte principal por alguns motivos. A capa fazia parecer que a comunidade urbana poderia realmente se relacionar com isso. Ver o medo real no rosto da mulher é muito afetador. Isso se mostra incrivel e agressivo em seu comentário sobre a sociedade. Lembro-me de ir para Tower Records e ver essa foto enorme, foi tão impactante. Não tenho certeza de que isso funcionaria hoje.”

Essa capa é lendária por várias questões, e, uma das principais para mim diz respeito a questão estética, onde foi abandonado um estilo mais cheio de cores, ilustrações nem sempre tão belas feitas pelos artistas da época, até por uma questão de limitação de ferramentas, bem como o uso da fotografia como protagonista desta história. É tudo muito sutil, deixando que a foto fale por si só.

02# | ”Ás nas mãos

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Data: 15 de abril de 1931
Fotógrafo: Bettman
Localização: Nuova Villa Tammaro, 2715 West 15th Street, Coney Island, Brooklyn

Contexto: Mob chefe Giuseppe “Joe the Boss” Masseria foi encontrado morto segurando um ás na mão depois de ter sido assassinado em um Restaurante de Benjamin “Bugsy” Sigel, Vito Genovese, Albert Anastasia e Joe Adonis.

“A mão que segura o cartão de ás mostra uma grande ironia. Parece quase que foi colocado lá. É incrível que essa foto ainda existe! Essa capa é mais simbólica do que as demais. Isso mostra que, mesmo que você obtenha o ás, coisas boas nem sempre estão por vir “.

Metaforicamente, essa capa é perfeita. Mesmo que, na minha opinião, ela não reflita a real luta e linguagem do disco, a metáfora do Às, carta essa que representa um valor gigante em vários jogos de cartas, é incrível. Você ter um às em suas mãos, caído, morto, sorte e azar, é muito foda. O tipo de fotografia que mais me encanta é justamente essa dos momentos perfeitos, das metáforas, das reflexões.

Essa capa me lembra um verso do Prodigy em “Cradle to the grave”, que diz: “Life is like a dice game and i’m in to Win”. Ou não.

03# | ”Á bomba da igreja”

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Data: Desconhecido
Fotógrafo: Desconhecido
Localização: Desconhecido

Contexto: Um incêndio destrói uma igreja e machuca dois bombeiros. Um bombeiro pode ser visto entre os danos.

“Nós não procuramos especificamente bombardeios, mas encontramos essa imagem da igreja que representou um dos maiores fracassos da sociedade. Como país, temos a liberdade de adorar. Essa imagem representa uma enorme violação desse direito. Eu realmente amo a figura nos entulhos e como ela se centra nos restantes vitrais e arcos. Ainda tem uma sensação de espiritualidade, mesmo nos restos queimados “.

Acho uma imagem emblemática. Fazendo uma leitura um pouco mais profundo pode-se chegar a várias conclusões. Alguns entenderiam como um plano divino, outros como crime de ódio, ou até mesmo um golpe de azar. Mas, a luz atravessado a igreja destruída, como um feixe que vem de fora para dentro dá um tom de esperança, como se algo estivesse invadindo aquele ligar inóspito. Ao mesmo tempo tento uma visão apocalíptica da situação, o fim de tudo. Dualidade.

#04 | ”Criança chorando”

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Data: 28 de agosto de 1937
Fotógrafo: HS “Newsreel”
Localização: Estação Ferroviária no Sul de Xangai

Contexto: Esta imagem foi amplamente publicada nos jornais em setembro e outubro de 1937 e passou a representar o resultado da guerra japonesa na China.

“Mesmo que você não seja pai, esta foto capta uma destruição social horrível. Esse click icônico do bebê nos escombros é indicativo do abandono que ainda está ocorrendo hoje”.

Em 1937, o Imperialismo japonês já dava as caras, mostrando seu alinhamento com os fascistas e nazistas, que já estavam se preparando para a Grande Guerra. Na Espanha, Franco já havia dado início ao seu massacre. Na Alemanha e Itália, Hitler e Mussolini caminhavam em direção ao que seria um quase domínio total da Europa. Ouso dizer que o mundo nunca esteve tão próximo do colapso e nunca esteve tão nas mãos do seu pior pesadelo como nas décadas de 30 e 40.

Essa foto representa toda a vida de uma geração que nasceu durante este momento, sem perspectiva, escravizada, jogada a sua própria sorte na mão de ditaduras extremamente racistas e imundas.

Crianças essas que ficaram pelo caminho, que cresceram a sombra do medo, e algumas poucas que conseguiram se reerguer. Destruição e desesperança são duas palavras que definem essa fotografia é o que foi o mundo em 20 anos — é que ainda hoje existe em menor escala.

#05 | ”Criança chorando”

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Data: 1 de agosto de 1992
Fotógrafo: Peter Turnley
Localização: Baidoa, Somália

Contexto: Esta imagem representa a fome que afetou os somalianos durante mais de uma década de guerra civil. Em dezembro de 1992, os Estados Unidos e outros apoios internacionais se espalharam com “Operation Restore Hope”.

“Esta foi a última cobertura que escolhemos. Ela representava a fome em diferentes partes do mundo. Embora fosse a capa mais óbvia, a fome é uma epidemia tão generalizada que achamos que precisava ser incluída”.

Diferente da guerra, a fome é uma forma extremamente mais desumana de óbito da população, por ser a maior representação do descaso governamental. Alimento que deveria ser um direito básico de todo ser humano, visto que nada nesse mundo tem dono — ou seríamos todos donos de tudo?

Não existe muita reflexão estética ou artística em cima desse registro, é a vida nua e crua, estampada e que mostra a verdade sobre o que é viver em países esquecidos, lembrados apenas quando se precisa de novos recursos naturais e mão de obra barata.

Fonte: www.complex.com e uns 3 anos ouvindo essa obra quase que diariamente.