OGI fincando o “Pé no Chão” do ano lírico

Não sei se 2017 é o ano lírico de fato, 2018 pode ser melhor, nunca se sabe não é mesmo? Mas o fato é que, Rodrigo OGI não poderia ficar de fora do ano que ganhou tal apelido.

Digo isso porque o cronista já tem lançado trampos de qualidade lírica invejável a um tempo, e a cada novo disco é perceptível a evolução do artista. Um MC que mantém seu estilo (a gente falou um pouco sobre isso nesse post aqui), no decorrer dos anos sem cair na mesmice e ficar clichê.

O disco já me impactou logo de cara, pois já dá um prelúdio de como vai ser o EP, começa com a voz do escritor João Antônio fazendo um paralelo entre o da escrita com o seu bem estar, é basicamente o OGI dizendo para o ouvinte que para se manter com o Pé no Chão, ele precisa fazer aquilo que sabe fazer de melhor, que é escrever.

É preciso realmente acreditar em escrever
Eu acredito que vale a pena escrever
Como vale a pena viver
No meu caso específico
Como a arte de escrever não é apenas um ato intelectivo ou intelectual
Chame vocês como quiserem
É um ato de vida, é um ato visceral
Eu não sei como é que eu viveria sem escrever
Alias, só vale viver escrevendo
Se eu não estiver escrevendo, a minha vida vai muito mal

Pé no Chão é um disco que mostra um certo amadurecimento pessoal do artista, pois ele narra suas mudanças de hábitos necessárias por conta das novas fases que vêm acontecendo, tanto na vida pessoal quanto na carreira.

O artista sempre manda muito bem na narrativa, com jogos de palavras bem colocados entre situações cantadas que podem ser vistas ao serem ouvidas, e sempre usando muito bem as referências, seja do mundo musical, dá nona arte, filmes… Enfim, vovô OGI sabe fazer um bom Rap mantendo seu estilo.

O disco foi produzido pelo Nave, mesmo produtor do aclamado “Rá!”, e conta com as participações de Bruno Dupre, Kiko Dinucci, Laudz, Marcela Maita, Emicida, Coruja BC1 e Diomedes Chinaski.

O EP “Pé no Chão”, na minha humilde opinião já tem lugar cativo na lista de grandes discos do tal “ano lírico”, pela qualidade do artista, dá produção, das participações e porque é um disco de alguém que não precisa ficar gritando pra ser notado na cena (tem quem precise disso), ele é visto porque é bom.

Ouça abaixo o EP “Pé No Chão”:

HQ’s cantadas de Rodrigo OGI

Uma das coisas que mais me chama atenção nas obras que mais gosto da nona arte, é a forma como as histórias e os personagens, que muitas vezes podem soar não muito convencionais em outros meios, como cinema, livros, séries… Conseguem ter uma narrativa tão rica e cheia de possibilidades.

Muitas ótimas HQ’s tem personagens que parecem ser um tanto fora de contexto dentro do universo em que se passa a história, mas que casam com maestria com o decorrer da mesma. Exemplos disso são:

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Ezekiel em The Walking Dead, o líder de um lugar chamado “O Reino”, com um tigre como animal de estimação. Na mesma história vemos um homem que é chamado de Jesus e luta kung fu.
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Cassidy de Preacher, um personagem que parece ser um homem comum em um universo comum se revela sem qualquer aviso prévio ser um vampiro. Na mesma história temos um adolescente com a cara deformada, que é chamado de “Cara de Cú”.
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Sangrecco da brasileira Mesmo Delivery, um homem que trabalha em uma “empresa de transportes” para o diabo e faz cover do Elvis, não aparenta, mas é melhor na faca do que o Peter Coyote brasileiro.

Obviamente existem muitos outros personagens com essa características em muitas outras HQ’s, mas a questão aqui é que existe um rapper tupiniquim que consegue fazer esse tipo de coisa de forma magistral em suas músicas, o cronista da cidade cinza Rodrigo OGI.

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OGI procurando umas HQ’s no sebo, no programa Estamos Vivos com KL Jay, clique aqui para assistir o programa, mas termina de ler o texto antes.

O vovô OGI já disse mais uma vez em entrevistas que é um grande fã da nona arte, consequentemente a sua obra seria influenciada por isso, abaixo listo algumas (não todas) músicas dele com esse perfil que constroem sua “Gotham Sampa”, com personagens ou situações caricatas.

1 – Zé Medalha

Zé Medalha é um ótimo nome para uma história roteirizada por Garth Ennis, Mark Millar ou Brian Azarello, seja próprio ou mesmo um apelido para um chefe de gangue.

Na música ouvimos a narração de uma luta entre Rodrigo OGI e Zé Medalha, de uma forma onde o cronista cita os objetos usados na treta, e as referências para mostrar como ocorreu a luta.

Me faz lembrar de uma briga na história “Y – The Last Man”, onde a vilã Toyota narra cada movimento feito por ela e de sua oponente na briga, sempre falando dos movimentos, armas e brincando com referências japonesas para dizer que é melhor no mano a mano contra uma americana.

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Y – The Last Man | Volume 8 – Dragões de Kimono

2 – Minha Sorte Mudou  | 3 – Ponto Final

Em Minha Sorte Mudou e Ponto Final fiquei lembrando das HQs do Will Eisner, que mostrava de forma muito bem detalhada como era a vida dos lugares que se passavam suas histórias. Você pode observar um bairro comum de periferia ouvindo essa música, da mesma forma que pode ver de forma palpável como era a vida nas periferias de Nova York lendo “Um Contrato com Deus”.

4 – Escalada

Em Escalada, o que me chamou a atenção foi como OGI mostra a imagem com palavras de como é o personagem central da música:

José Carlos magricelo, tinha um terno amarelo
Dirigia uma Belina cor de caramelo carabina
Seu aspecto era de um hemofílico, crônico

Um cara um tanto quanto “fora dos padrões”, a não ser que seja comum o corretor imobiliário ter esse perfil.

A forma que o abismo é narrada na música me faz lembrar a HQ da Vertigo, A Casa do Fim do Mundo, onde ao olhar para baixo, o personagem pode ser surpreendido a qualquer momento por um monstro criado por ele mesmo.

5 – Trilogia Trindade

Em Trindade (que é dividida em três partes), Rodrigo OGI mais parece um personagem central de algum conto de Sin City, de rolê na cidade fria e falando dos perigos da noite na metrópole.

Ele consegue deixar nas três partes juntas bem palpável a ideia de como a cidade consegue ser densa, fria, colorida, alegre e doida ao mesmo tempo, bem como nas páginas da HQ de Frank Miller.

Destaque para a comparação do barman e do policial Delfin. Na parte três, é genial a forma como ele descreve o devaneio do personagem chegando em casa e se “conectando ao mundo das crianças”, (bem como Dwight McCarty fazendo analogia ao monstro em A Dama Fatal), e logo em seguida indo “lutar” ao estilo Street Fighter para pegar uma mina.

Agenda do rap Setembro/Outubro

Além de trazer as melhores notícias do universo do Hip Hop o Rap em Movimento também traz os melhores eventos da cultura para você! Se liga na agenda que separamos;

SÍNTESE CONVIDA BK & SANT

Data: 30 de setembro às 23h

Local: Stage Bar – Rua Brigadeiro Galvão 871 – Barra Funda. São Paulo

Ingressos: $20 (c/ nome na lista até 00:30h. Lista no corpo do evento)

$25 – h/m

$30 – h/m (após 1:30h)

Para saber mais https://www.facebook.com/events/335927613424310/

 

Skol apresenta Rico Dalasam e As Bahias

Data: 08 de outubro às 19h

Local: Ž carniceira – Av. Brigadeiro Faria Lima, 724 – Pinheiros

Ingressos: antecipado – R$25 inteira / R$ 12,50 meia

porta – R$30 inteira / R$ 15 meia

Vendas: livepass.com.br/event/rico-dalasam-convida-as-bahias/

Para saber mais https://www.facebook.com/events/1740904736163614/

 

Turbulência #8 com Talib Kweli

Data: 15 de outubro às 23h

Local: Cine Joia – Praça Carlos Gomes, 82 – Liberdade

Para saber mais https://www.facebook.com/events/148123178929794/

Ingressos:

Lote 1: R$ 40,00

Lote 2: R$ 60,00

Lote 3: R$ 80,00

 

Insanis apresenta NOISY com Self Provoked (LA) & Ogi

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No dia 7 de outubro a marca Insanis apresenta seu primeiro evento com o conceito NOISY. Para fazer as honras a festa conta com a presenta de Rodrigo Ogi e do rapper californiano Self Provoked The Mc. Conhecida por realizar eventos voltados para a cultura urbana e em locais singulares a Insanis apresenta esse novo conceito em um Galpão Abandonado.

Nesse evento a Insanis apresenta o conceito NOISY que é voltado para explorar o audiovisual e sensorial com a proposta de oferecer uma experiência diferente do que é proposto atualmente no cenário nacional do hip hop.

Os eventos da streetwear marcaram presença nos principais Clubs de Sao Paulo, como Clash Club, Ballroom, Royal Club, Lions Night Club e PanAm. A Insanis também criou a festa INSOUND, de onde surgiu esse perfil de realizar eventos em lugares inusitados como no Circo Stankowic e Nos Trilhos.

 Data: 7 de outubro às 23h

Local: Warehouse – Rua Palmorino Monâco, 195

Ingressos: Lote Promocional (até 22\09)

R$ 30 entrada

– 1º Lote

R$ 40 entrada

– 2º Lote

R$ 50 entrada

INGRESSOS online: https://noisyno1.eventbrite.com.br/

Para mais informações https://www.facebook.com/events/285084098541265/