Sobre mulheres, cinema, futebol e as festas na ilha: A obra-prima do Jovem Maka.

Lembro do dia que a Dé (colaboradora do Rap Em Movimento) me mandou essa mixtape no inbox e disse: “Marco, escuta isso que acho que você vai gostar”.

Eu sou um pouco resistente para conhecer coisas novas, por causa do meu amor por tudo que é velho, porém a capa me chamou muita atenção: uma ilustração simples do que parece ser uma mulher, ou duas mulheres, entrelaçadas em suas partes íntimas. Dei play, e dali em diante esse álbum virou um grande novo amor nos meus fones.

Makalister é um MC de Santa Catarina, mais precisamente Florianópolis, que já lançou alguns trabalhos anteriormente, como o EP “Makalister Renton, que vocês podem conferir aqui e muitos outros singles lançados em seu canal no YouTub

Seu nome é uma homenagem ao jogador de futebol Mac Allister, que atuava pelo Boca Juniors, da Argentina; Como podemos notar aqui, e durante a análise de alguns sons do Maka, ele tem uma paixão muito grande por futebol, o que ele desenrola em suas músicas.

O cara, que  sem trampar desde agosto desse ano, decidiu usar esses 4 meses que restam de 2016 para dar vida as suas produções, como o mesmo afirmou em entrevista para a VICE.

Mas, tirando um pouco do foco sobre os trabalhos anteriores do MC e de sua vida, fiquei encantando pelo último trabalho lançado, que é o tema dessa resenha.

“Laura Miller Mixtape”, que dá nome à obra, é uma homenagem, como o mesmo sinalizou no lançamento do trampo no seu canal na internet. Uma homenagem a suas influências e toda sua rica bagagem cultural que permeia a mixtape. Aliás, esse é o primeiro lançamento de uma trilogia chamada “Sexo a Três”, que conta com mais dois lançamentos chamados “Camila Pitanga Mixtape” e “Fernanda Takai Mixtape”. Daí já podemos ter uma ideia do que vem pela frente.

“Laura Miller Mixtape” e´quase que totalmente baseado nas experiências do Maka a acerca do amor, sexo, e dos relacionamentos em geral. Claro que, durante as rimas, podemos ter uma ideia das reflexões do cara com relação a sua vida, sua visão de mundo, ideologias, bem como percepções sobre outros assuntos. Porém, o álbum tem uma carga enorme de rimas e histórias sobre o amor, e isso pode ser visto na própria capa do trabalho e em seu nome, inspirado na sexóloga do Programa Altas Horas.

O curioso sobre esse trabalho é que a maioria das rimas foram gravadas em um celular, dando um tom sujo e caseiro ao trabalho, o que, ao contrário do que se possa imaginar, não tira mérito a qualidade da mixtape, que foi mixada pelo Goss e Rodrigo Locaut, além das produções, que beiram o TRAP e beats experimentais, dos quais me chamaram muito a atenção pela qualidade, sendo alguns produzidos pelo próprio Maka e outros manos como Elifi, Victor Xamã e Arit.

A mixtape começa com “Punto G”, que faz um trocadilho com o Ponto G, e é uma música onde o Maka fala sobre uma garota que se relacionou e alguns de seus gostos e suas visões de mundo, Além disso, ele trás a sua percepção sobre o jogo do RAP e sobre seus desejos com relação ao seu futuro, como podemos ver no trecho:

E quando eu partir outro guerreiro nasce/Eu vou fazer valer os meus dias na terra/Bem sucedido, muito fino/Escrevendo livros, dirigindo filmes/Tatuar na costela “SPEED FREAKS”/Rodar o Brasil enquanto escrevem “disses”/Copiando o meu flow e o estilo dos beats”.

Além disso fica explicito o amor do cara pela arte, e sua influência pelo underground.

O trampo vai se desenrolando com sons como “Um homem que dorme”, uma das várias referências ao cinema cult, como ao filme de mesmo nome do som. Aliás, graças a esse trabalho, eu mesmo passei a me interessar mais por cinema e conhecer um pouco desse “lado b” da cena. Outro som que tem o título inspirado no cinema é “Pele que abandono, fazendo alusão ao filme espanhol “Pele que habito”.

Fica difícil falar de todas as músicas da mixtape detalhadamente, porém, dois sons me chamaram muito a atenção e por isso quero citar ambos nesse review.

O primeiro deles é “JovemBlvckFriday” que tem um dos beats mais cabulosos do trabalho pelo estilo atemporal e experimental do mesmo, sendo complicado até mesmo de dizer qual estilo do mesmo. E tem uma letra que mostra uma outra face do MC, talvez mais otimista e menos melancólica, ou menos nostálgica com relação ao amor, caso prefiram este termo. Se baseia nas “festas da ilha”, onde o mesmo reside, e serve de pano de fundo para muitos dos rolês do Maka, “onde as garotas bonitas se soltam”, como o mesmo diz na rima.

Outra música que me chamou a atenção foi “Faixa 08”. Em minha opinião é a faixa que bate o carimbo quanto a qualidade da sua lírica, a bagagem cultural que o MC incorpora em suas músicas e que mostra toda sua capacidade metafórica, marca registrada nas rimas e que me deixou apaixonado por esse trabalho.

Em versos como:“Mulher indômita/Fruta que caiu longe do pé/Longe do prédio” podemos ver o jogo de palavras, a exploração do mesmo com relação a palavras pouco usadas em rimas, e a metáfora entre “fruta que caiu longe do pé” e uma pessoa que o MC, segundo suas rimas, não teve com ele.

No resto da música, como nas demais da mixtape, podemos notar o uso de pano de fundo de situações banais, mas com uma riqueza enorme de detalhes, o que faz com o que o álbum se projetasse na mente de quem o ouve, se tornando quase que um clipe mental.

Um adendo é que, todas as demais músicas são muito fodas e trazem suas particularidades, mas todas elas envolto dessa temática, o que torna a mixtape bem fluída. sendo possível ouvi-la do começo ao fim, o que é muito agradável para quem tá curtindo o som.

Resumindo, “Laura Miller” é um álbum que trás boas e más lembranças para todos aqueles que já viveram histórias de amor, de sexo, mas que mexe com a cabeça e imaginação de quem está ouvindo. Makalister é um dos MCs mais líricos e talentosos da nova geração, e confesso que, esse foi um dos meus álbuns favoritos do ano. Fica evidente a facilidade do Maka em contar situações com detalhes que nos fazem imergir na história e no som, criando todas as situações ali apresentadas. E também não deixa de ser uma grande referência para quem é amante da sétima arte. É um trabalho que pode ser escutado junto do seu amor, da galera, mas que, quando sozinho, na madrugada, tem um sabor muito especial.

Vocês podem conferir a mixtape aqui e seguir o trabalho do Makalister em sua página no facebook facebook.

Álbuns que você precisa ouvir: GoodFellaz

goodfellaz

De uns tempos pra cá eu comecei a reparar que a maioria dos novos artistas de Rap estão fazendo sons mais comerciais, com um foco maior na questão “chiclete” que uma canção pode oferecer. Não acredito que isso seja algo ruim, muito pelo contrário, acredito que é de extrema importância que músicas de Rap fiquem fixas na cabeça do público, mas também não devem se esquecer da lírica de qualidade, até porque chiclete toda hora enjoa e não alimenta.

GoodFellaz mostra o alto nível do grupo 5 Pra 1 pra fazer música. É nítido nas canções como eles conseguem se equilibrar com maestria entre poesia e produção, aonde uma coisa não tira o foco da outra.

O disco não bate o tempo inteiro em uma tecla, ele alterna de forma leve de um tema para outro, e todos de certa forma tem uma ligação, com mensagens de alto estima e afirmação o grupo fez canções para refletir em qualquer lugar e em qualquer situação.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=by6-KJ7ME3g]

GoodFellaz é um trabalho muito bem feito que aparenta ser atemporal, vejo também como algo importante pro cenário atual do Rap, aonde boa parte dos Mc´s e grupos que surgem não conseguem colocar uma musicalidade mais brasileira em seus sons, seja na produção ou nas letras. Se até Kendrick Lamar gravou um samba

O disco tem ainda as participações de dois dos “pretos mais perigosos do Brasil”, Ice Blue avisando que é necessário coragem para amar alguém em Vários Lokinho  e KL Jay aconselha você à usar sua mente em O Golpe/Papo de Milhão. 

O disco foi lançado pela produtora Boogie Naipe, e tem esse nome em referência ao filme “GoodFellas” de Martin Scorsese. O grupo disse ter escolhido este nome pela questão de companheirismo e união.

Escute o disco GoodFellaz:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=videoseries?list=PLcslolJvsFa6ign63wQf0Q-o0Quxm-KSo]

Bônus: recomendo também escutarem Kush & Garotas, EP lançada pelo grupo em 2014.

Álbuns que você precisa ouvir: Death Certificate

No segundo álbum solo de Ice Cube, Death Certificate, é possível sentir a fúria do rapper

Para quem curte gangsta rap o álbum Death Certificare de O’Shea Jackson não pode faltar em sua playlist. Carregado de fúria e metáforas o disco é uma verdadeira crítica a situação em que os negros americanos viviam na época e uma resposta ao seu antigo grupo  – N.W.A – que duvidaram que Ice iria construir uma carreira solo.

O álbum foi lançado em 29 de outubro de 1991 e estreou em segundo lugar na Billboard e em número 1 na Billboard R&B/Hip-Hop Albums com 105.000 cópias vendidas na primeira semana e acabou vendendo mais de 1,6 milhões de cópias.

icecube

Na época da produção do álbum, Cube se associou à Nação do Islã e isso teve um grande impacto na maior parte do conteúdo do álbum. Durante toda duração do disco é possível ouvir mensagens melódicas, mas verdadeiras do falecido ativista Dr. Khalid Abdul Muhammad.

A divisão do Death Certificate é conceitual e ao invés de ter Lado A e Lado B ela fala de lado da morte e lado da vida:

“The Death Side” (faixas 1-11) “uma imagem espelhada de onde estamos hoje”

A ‘death Side’ começa com a faixa “The Funeral” e termina com uma faixa chamada “Death”. Essa primeira metade é repleta de contos de tráfico de drogas, prostituição e violência. Um estilo comum do gangsta rap dos anos 1990.

A segunda parte é intitulada de “Life Side” (12 faixas) “uma visão de onde precisamos ir”.

A Life Side começa com “The Birth” (o nascimento), e fala de ressureição, versos fortes de conscientização. Esse lado continua com o gansgta rap, mas com mensagens mais profundas.

ice back

A própria capa do álbum em si já demonstra uma prévia do conteúdo do álbum, um cadáver branco com uma tag “Tio Sam”.

O disco foi produzido por Sir Jinx, , the Boogiemen e Ice Cube. Canções como “Black Korea” e “A Bird In A Hand” abordam questões da vida real na comunidade urbana e que são ignorados por artistas.

A faixa “Black Korea” – Life Side-, prega a rebelião como uma resposta à predominância das mercearias coreanas nos guetos dos Estados Unidos. No fim de seus versos Cube diz que eles nunca irão transformar os guetos americanos em uma ‘Coreia Negra’.

“Cause you can’t turn the ghetto into black Korea”

A faixa foi vista como uma resposta à morte de Latasha Harlins, a garota Afro-Americana de 15 anos que tinha sido morta com um tiro na cabeça por uma proprietária coreana de uma loja em 16 de março de 1991 porque a dona da loja achou que Harlins estava tentando roubar um suco de laranja.

A faixa mais famosa desse álbum é a “No Vaseline” que ataca diretamente os seus antigos companheiros de grupo.

Ao contrário de outros álbuns de Ice Cube, Death Certificate não foi lançado em uma versão censurada. Porém, as faixas “Steady Mobbin’,” “True To The Game,” e “Givin’ Up The Nappy Dug Out,” foram gravadas em versões limpas e lançadas para o rádio.

Polêmicas

A venda de Death Certificate foi proíbida no estado de Oregon. Foi considerada ilegal devido ao seu conteúdo.

Em 1992, como resultado da controvérsia do álbum, o estado do Oregon declarou qualquer exibição da imagem de Ice Cube em lojas de varejo ilegal. Este banimento também incluiu os comerciais da cerveja St. Ides, que Ice Cube apoiava na época.

No Reino Unido, devido às leis contra incitamento racial, foram removidas as faixas Black Korea e No Vaseline.

Na edição de setembro de 2006 da FHM, Ice Cube afirmou em uma entrevista que ele não se arrepende das declarações polêmicas feitas no álbum. Quanto à ofensa causada aos coreanos, ele disse: “Se ainda há um problema, é problema deles.”.

Ice Cube sendo Ice Cube

Visão da autora

Quando me perguntam sobre o gangsta rap dos anos 1980/90 eu sempre gosto de referenciar Ice Cube e a N.W.A. Particularmente eu gosto de sentir essa fúria no rap, essa revolta. Afinal eles foram os primeiros a contestar esse “American dream”.

Quando era criança eu tinha uma visão romântica dos EUA, creio que assim como muitas pessoas. Quando você ouve as músicas de Cube e da N.W.A você acaba recebendo um choque de realidade e mostra que esse sonho americano é só para quem é branco.

Sempre indico para quem quer começar a ouvir esse estilo não se prender no conteúdo de violência e nem nos palavrões, mas tentar focar no contexto do álbum inteiro. Ouvir uma faixa solta de um trabalho desses sem entender o conceito do artista é a mesma coisa de abrir um livro em uma página aleatória.

Ouça o álbum aqui:

 

Álbuns que você precisa ouvir: Direto do campo de extermínio

“Aí ladrão, no campo tem dois personagens em cena: a bola e o jogador. Um nasceu pra chutar e o outro pra ser chutado. Só depende de você o papel que você quer protagonizar no filme de terror…”.

De forma intensa e atemporal, nasce em 2003 um dos maiores e mais importantes álbuns do RAP nacional, “Direto do campo de extermínio” por ninguém mais ninguém menos que Facção Central.

Direto-Do-Campo-De-Exterminio-cover

O álbum é sexto da carreira do grupo, com 29 músicas divididas em um CD duplo. No mesmo ano do lançamento, o grupo conquistou o Prêmio Hutúz – uma das principais premiações do HipHop brasileiro – em duas categorias: Melhor álbum e Música do ano com o clássico “O Menino do Morro” – música inspiração para o livro de Bruno Rico, O Menino do Morro Virou Deus, lançado em 2013.

O que mais chama atenção nesse álbum é que cada música se torna um espelho, em que o reflexo da nova sociedade ainda reflete as mentiras, o ciclo de ódio, a segurança que mata e a mortífera desigualdade dos anos passados. Uma verdadeira obra literária marginal.

Já no primeiro som, você recebe na cara gritos de resistência e requintes de realidade nua e crua, “Prepare as algemas, forme o inquérito, abra o processo que eles estão de volta sem freio na língua, sem meia verdade, história engraçada ou frase bonita.”.

Sem mais delongas… Escute! Mas esteja preparado, o conteúdo é forte e não vai deixar os seus neurônios cativos. Clique aqui para ouvir

Facção Central

 

Álbuns que você precisa ouvir: Até Que Enfim Gugu

A única coisa que se pode esperar desta mixtape é se surpreender. Gostar de Rap e ouvir Até Que Enfim Gugu pela primeira vez é como repensar sobre o que é qualidade lírica.

Já na primeira faixa ele mostra que não é só mais um dos “faladores contando histórias”, até porque Gil Scott Heron é como uma aula de Hip Hop, onde em homenagem ao poeta ele manifesta todo o seu amor à cultura, mostrando para aqueles que chegaram agora o que ela é, e acaba sendo – mesmo que sem querer – um aviso para aqueles que dizem que “Rap tem que ser feito desse, ou daquele jeito”.

Um ponto surpreendente no disco é a habilidade de Marcello em contar histórias, com citações cabíveis e personagens bem montados, seja narrando uma overdose falando sobre os últimos 15 minutos de vida do Jimi Hendrix na faixa Jimi, ou uma história de amor ao estilo Transcontinental FM em Deixa o Tempo Dizer, é muito fácil se ver preso dentro das histórias e se identificar em diversos pontos de cada uma delas.

Outra coisa feita com muita maestria no disco são as metáforas, se ouvir Kariri sem saber o nome da música você com certeza não vai imaginar que ele homenageia uma bebida, talvez ache que Evita e Miss Hollywood sejam lovesongs e pense o mesmo só lendo o nome da canção número 10.

Lançar um disco com mais de uma skit de mais ou menos 7 minutos não é pra qualquer um, só pra quem tem talento lírico de sobra. Se duvidar, arrisque ouvir Indireta sem querer pedir alguém em casamento logo em seguida, ou não respeitar ainda mais o Nordeste e nordestinos depois de escutar Herói.

O disco conta com diversas participações, que dão mais peso na qualidade: Drik Barbosa, Filiph Neo, Diego Primo, Lenda ZN, Garcez DL, Leitty Mc, Sergio Ribeiro e Flow Mc, Origame e Reticências nas faixas Bônus.

Enfim, um disco bem feito, que vale a pena ser ouvido várias vezes e você não terá surpresas só na primeira escuta.

 

Link do álbum: https://www.youtube.com/watch?v=ZETuZJgzsMI

 

Álbuns que você precisa ouvir: Envelhecido 13 anos

Falar da cena Underground de São Paulo, e até mesmo do Brasil, sem falar de Espião e Rua de Baixo é quase um sacrilégio.

Para quem não sabe o cara é um dos percussores do RAP alternativo no país e está no corre desde 1993. Quando ainda estava na escola fez suas primeiras letras com seu amigo IC e dentre uma dessas composições surgiu o nome viria a ser aclamado pelo publico do “Hip Hop intergaláctico, alienígena”.

Foto reprodução

O álbum “Envelhecido 13 anos” foi lançado em 2006 de forma totalmente independente no “Porão da Casa do Espião” entre outros estúdios. Considerado mais do que um simples CD o trabalho é uma coletânea de todas as produções do grupo durante 13 anos de carreira. O disco contou com a participação de todos os caras que faziam parte da banca Rhima Rara, como Mzuri Sana, Elo da Corrente, Ascendência Mista, mais participações de Parteum e Zorak, além de, é claro, DJ Duenssa. Ou seja, só peso pesado, que faz dessa coletânea uma das minhas favoritas do RAP Nacional.

O que mais chama atenção no disco é o jogo de palavras com o qual, não só o Espião faz, mas todos os integrantes do álbum.  Em uma fase onde o RAP Nacional era tomado por temas como o crime, drogas, a truculência policial, “Envelhecido 13 anos” trouxe uma nova visão, com uma nova roupagem tanto de produção como nas letras, mostrando que é possível se falar de outros temas sem perder a essência do Hip Hop.
Aliás, essa é uma questão interessante do álbum , onde as letras abordam desde fatos do cotidiano, como em “Pra Você”, como toda a cultura Hip Hop, em especial na faixa “Rastro Mágico”. Outra faixa que mostra toda a facilidade do coletivo com as rimas é “O Tempo”, onde o Espião faz um jogo de palavras sem comparação, com um tema reflexivo sobre morte, vida tempo, como no verso:

 “Na beira do precipício, entre a vida e o suicídio/ Se me empurram é o homicídio, se eu caio é acidente, mas pra morte é indiferente/ Porque o tempo é linear esegue a mesma direção, ela tá lá no fim da linha me esperando com um facão, e disso ninguém tá isento/ Mas meu limite não é a morte, o meu limite é o tempo…”.

Esse álbum marcou uma geração, como marcou uma nova caminhada para a cena paulista e nacional, dando caminho para que outros grupos viessem a representar a cena underground, fazendo uma das mais fortes do país e de onde saíram grandes artistas que levaram o nome da cena independente.

Ouça o álbum aqui: https://www.youtube.com/watch?v=vDCTtyLBpb4

 

Álbuns que você precisa ouvir: The Score

O Rap em Movimento faz uma sessão especial de álbuns de rap  que você precisa ouvir antes de morrer

TheScore

Lançado mundialmente em 13 de Fevereiro de 1996 o The Score é o segundo e o último álbum de estúdio do trio Fugees. O álbum apresenta um hip hop alternativo com uma variedade de instrumentos e de samples. The Score foi produzido pelo próprio trio, Lauryn Hill, Wyclef Jean e Pras Michel, e com uma produção adicional de Salaam Remi, John Forté, Diamond D, e Shawn King.

Além dessa sonoridade diferente do que se tocava na época o The Score trouxe um discurso político e se tornou um dos álbuns de Hip Hop mais vendidos da história. O álbum foi número um nas paradas da Billboard 200, e Top R&B/Hip Hop Álbuns (foi o álbum número um na última na parada de fim de ano).

Em outubro de 1997, The Score foi certificado como disco de platina sêxtupla pela Recording Industry Association of America (RIAA). Em 1998, o álbum foi incluído na lista dos 100 melhores álbuns de rap da revista The Source, e em 2003, foi ranqueado o número 477 na lista dos 500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos da revista Rolling Stone. Este álbum está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame.

O single “Killing Me Softly” foi um cover de um clássico dos anos 70, que foi sucesso na voz de Roberta Flack. O cover na voz de Lauryn Hill rendeu ao grupo um Grammy de “Melhor Performance de RnB por Dupla ou Grupo Vocal”. A música mostrou ao mundo toda a potência da voz da Lauryn Hill.

Foto reprodução
Foto reprodução

Os singles “Fu-Gee-La,” e “Ready or Not” também alcançaram notável sucesso nas paradas, e ajudaram o grupo a atingir reconhecimento mundial.

O álbum sem dúvidas foi de grande importância para o hip hop. Falar de R&B e não lembrar Lauryn Hill é quase impossível. Quando você ouve The Score você viajar para outra década. Sem dúvidas é um dos meus favoritos e ouço todas as músicas sem cansar.

 

Ouça o single Ready or Not;

 

 

 

 

 

 

Álbuns que você precisa ouvir: The Blueprint

O Rap em Movimento faz uma sessão especial de álbuns de rap  que você precisa ouvir antes de morrer.

Para poder estrear essa lista, o primeiro disco é o The Blueprint, do rapper Jay Z, lançado em 11 de setembro de 2001. Sim, ele coincidiu em ser lançado nessa data! Mas vamos deixar um pouco de lado as teorias da conspiração. O álbum está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame.

Para quem não sabe o Rock and Roll Hall of Fame é um museu e uma instituição que fica em Cleveland, Ohio. Em português a tradução é “Salão da Fama e Museu do Rock and Roll”. É um espaço dedicado para registrar a história de alguns dos mais conhecidos e influentes artistas e produtores e outras pessoas que tiveram grande impacto na indústria do rock e do pop. E claro que Jay Z não poderia ficar de fora dessa!

O The Blueprint é o sexto álbum de estúdio do rapper e o som contrasta muito com seu álbum anterior que foi o The Dynasty: Roc La Familia. O álbum apresenta um sampling baseado em soul e teve a colaboração do Kanye West e Just Blaze. O lançamento do álbum foi antecipado para combater a pirataria e foi gravado durante o ano de 2001 no Manhattan Center Studios e Baseline Studios em Nova Iorque.

Apesar de o lançamento ter coincidido com os ataques de 11 de setembro, The Blueprint vendeu mais de 420.000 cópias na mesma semana. Esse marco fez com que esse fosse o quarto álbum consecutivo de Jay Z a chegar ao número 1 da para musical da Billboard 200.

O álbum teve 4 singles: Izzo (H.O.V.A), Girls, Girls, Girls , Jigga That Nigga e Song Cry.

the blueprint -costa

O rapper Eminem também teve uma participação especial nesse álbum na faixa “Renegade”.

  • Curiosidade:

Na época da gravação, Jay-Z estava esperando dois julgamentos, um por porte de armas e outro por agressão, e havia se tornado um dos artistas de hip hop mais insultados, recebendo insultos de rappers como Nas, Prodigy, e Jadakiss.

De todos os álbuns do rapper o The Blueprint é o mais leve em relação aos outros trabalhos de Jay Z, essa batida mais baseada no soul ajudou nessa fluência. Do álbum Izzo e U Don’t know estão entre as minhas favoritas.

Ouça o álbum na íntegra aqui

spotify:album:6B6oAl9khSfT48DPfKtrrG