Feliz aniversário, Knxwledge

Hoje o Rap Em Movimento presta homenagem a Glen Earl Boothe, nascido em 10 de Março de 1988, na Filadélfia, e que está completando 29 anos de idade.

O nome pode não ser familiar, mas esse produtor, hoje morando em Los Angeles e associado dá já lendária Stones Throw Records (gravadora com uns nomes como MF DOOM, Madlib, Oh No, MED, Blu, entre outros) produziu em 2015 “Momma” do álbum “Tô Pimp a Butterfly” do Kendrick Lamar e “Sued & Link Up”, numa parceria com Anderson Paak, chamada “NxWorries”, que foram os trabalhos que fizeram o cara colocar a cabeça pra fora do underground.

Estamos falando de Knxwledge.

Conheci o trabalho dele na faixa “Killuminati” na mixtape “1999” do Joey Bada$$ (Essa faixa, pqp!!!!!!!) , em 2012. Mas, lá em 2010 foi onde ele lançou seus primeiros trabalhos, como “Klouds” e “SKR∆WBERRIES.FUNK∆ISRS” (essa segunda mixtape é um trabalho bonito demais e o nome é uma analogia ao LSD, conhecidos como “Strawberry” em alguns lugares dos EUA e Europa).

De lá pra cá já foram mais de 83 lançamentos pelo BandCamp, e estamos falando de um produtor relativamente novo na cena, com 7 anos de trabalho.

Como falamos, ele atingiu um reconhecimento recente na cena mainstream, mas é no underground que ele mostra todo seu potencial e a genialidade de um produtor que é difícil definir em poucas palavras.

Knxwledge segue uma linha entre o Hip-Hop Experimental e o Lo-Fi, com influências dias de Madlib, J Dilla, Ohbliv entre outros aclamados produtores. Suas produções tem um teor voltado para o Soul, Jazz, Old School, com uma presença enorme de vocais e recortes de várias faixas diferentes, de forma que não pareça ser apenas um sample recortado, e sim uma criação original de diversas fontes diferentes, dando uma cara quase que única na cena, o que faz dele um cara especial, ou seja, uma grande junção de colagens.

Pra quem já curte as produções dele, fica fácil reconhecer algo do Knxwledge, com os kicks secos e quase imperceptíveis em algumas faixas, a caixa sempre marcada forte no reverb, os vocais extraídos de faixas do rap, Soul, e uma bateria que não conseguimos enquadrar num estilo único, porque ela foge muito dá marcação clássica do boombap, dando um ar mais futurista ao trampo. Comecem a ouvir os trampos antigos e reparam nisso tudo, vocês vão ver que ele tem uma identidade muito própria como produtor. Outros caras como Blu e Earl Sweatshirt já colaboraram com ele também.

Um exemplo foda desse mescla é a série “WrapTaypes” (que merece um post especial só para ela aqui no Rap Em Movimento), onde Knxwledge faz um remake de clássicos do hip-hop, tanto das batidas como dos clipes, usando a capelas dos sons originais e inserindo suas batidas. O resultado são coisas como essa:

50 Cent – Ya lifes on the line

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=u5tr2SE1D1k&w=560&h=315]

Knxwledge. – knxbodilykesme. (WrapTaypes.Prt3)

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=DEr4K3UJFjc&w=560&h=315]

A discografia é enorme, são muitos os bons trabalhos e fica difícil listar todos eles num único post, mas vou colocar abaixo os trampos que eu mais gosto e o link do BandCamp do cara pra quem se interessar.

De moto geral, vejo como um trabalho extremamente introspectivo. Claro que existem algumas excessões dentro de um universo tão amplo como a música, mas em sua essência são produções que fazem pensar, que trazem sensações diferentes para cada ouvinte, o tipo de música pra se ouvir com atenção e se deixar levar. Coisas dá genialidade do Knxwledge.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=xqXrr2lpvDE&w=560&h=315]

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=VfcXj4IgnP8&w=560&h=315]

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=niFG9LtT7YA&w=560&h=315]

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=W3AW8IMlGw4&w=560&h=315]

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=8iaD-C2dZyc&w=560&h=315]

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=89kfG4MbqcQ&w=560&h=315]

Parabéns, Knxwledge!

 

O produtor Jundiaiense SonoTWS acaba de lançar sua nova tape, “Street Talk”.

Conheci o Sono na época em que eu arriscava uns grafites pelas ruas de São Paulo, isso em 2013, quando o mano lançava seus bombs pela gangue TWS (“Os Meia de Lã”, dai vem a sigla do seu vulgo). Tempos depois, o mano lançou sua primeira tape, chamada “TWS”, pelo selo BeatWise Records, daqui de São Paulo.

De lá pra cá o cara havia lançado mais dois trabalhos, “Mocado”, também pela Beatwise e “Sentimentos” , lançado pelo selo americano Us Natives Records”

Hoje foi lançado seu quarto trabalho, intitulado “Street Talk”, mas dessa vez pelo próprio selo do produtor, chamado “Tired of People”, que era um sonho do cara, como ele explica:

“É a primeira do meu selo Tired Of People, algo que sempre sonhei e fiz tudo do jeito que eu queria, com a estética que eu queria, tudo nos mínimos detalhes. Chamei os amigos para colaborar e o mais legal de tudo isso, consegui pagar todos eles, fortalecendo também a arte/cultura independente e o corre de cada um.”

“Street Talk”, vem com a estética já muito particular do cara, retratando por meio de batidas de kick seco, samples dos anos 90, arranhos de disco e baterias que nos transportam a Golden Era do RAP, as noites pela cidade, os rolês de graffiti e a vivência pelas madrugadas do mundo. É uma trilha sonora perfeita para quem gosta da noite, das caminhadas, e dos jets. É também um resgate do estilo e da própria união da cultura Hip-Hop, como podemos observar pela capa da tape, criada pelo escritor de rua “OBOE”, referência em fotografia,tag, graffiti, ou seja, os elementos do Hip-Hop se fazendo presente dentro do trabalho do Sono.

A tape, composta por 19 faixas, foi produdiza nos samplers Emu Sp-12 Turbo, Akai S950 e Sp303, o que dá um tom ainda mais nostálgico.

As 14h começa a pré-venda da tape no BandCamp oficial do selo, onde serão vendidas 25 fitas no Brasil e mais 25 para o exterior. Então corre, garanta a sua e bote nos fones, pois o Sono é foda e, quem não conhece, vai se surpreender com a qualidade do trabalho do cara.

 

 

 

 

 

 

 

 

Made in Brazil

A música brasileira é rica, isso é incontestável. Vários gêneros se fazem presente em nossa história, mas um deles se tornou especial: A MPB.

O termo surgiu na década de 60, associado à interpretação feita por Elis Regina da canção Arrastão, de Vinicius de Moraes e Edu Lobo.Muitos elementos são associados a MPB, em especial o Soul, Funk e Bossa-Nova.

O RAP surgiu no Brasil na década de 80, onde a maior referência no país eram os grupos surgidos em Nova Iorque, e em outras cidades americanas, um dos berços do ritmo. Na época, com a novidade em nosso país, claro, as referências que tinhamos de produção de letras e batidas eram todas dos EUA.

Com o tempo, nosso RAP foi tomando maturidade, criando seu próprio estilo, e bebendo da nossa MPB para criação de batida, utilizando samples de músicas nacionais. Destaque para Racionais MCs e alguns outros grupos da época que passaram a utilizar essa nova sonoridade em suas músicas, dando uma cara brasileira para nosso RAP.

Porém, nos anos 2000 cresceu um movimento contrário, onde produtores renomados da escola americana, principalmente do underground, se viraram para nossa qualidade sonora, com destaque para a MPB dos anos 70, e demais décadas.

Artistas como Madlib, J Dilla, MFDoom, J Cole, Joey Bada$$, Knxwledge, entre muitos outros que, ao longo desses últimos 20 anos vem valorizando o que há de melhor em nossa MPB.

Abaixo vocês podem conferir um compilado de algumas músicas que utilizam samples, recortes e fazem referência e homenagem a nossa música:

 

J. Cole – God’s Gift / Milton Nascimento – Francisco

https://www.youtube.com/watch?v=ot0cfLa5vfg

 

Madvillain – Rhinestone Cowboy / Maria Bethânia – Mariana, Mariana

https://www.youtube.com/watch?v=q-526cbq8z8

 

Knxwledge – Theyfeelit / Claudia – Deixa eu dizer

https://www.youtube.com/watch?v=sUFOF7GCfSg

 

Joey Bada$$ – Alowha [Prod. By Kirk Knight] / Marcos Valle – Previsão Do Tempo

https://www.youtube.com/watch?v=3ahg7Fr2aMc

 

Madvillain – Raid / Osmar Milito e Quarteto Forma – América Latina

 

Nujabes – The Space Between Two World / Toninho Horta – Waiting For Angela

 

The Pharcyde – Runnin [Prod. J Dilla] / Stan Getz – Saudade Vem Correndo

 

A.G. – Yeah Nigga / Trio Mocotó – Não Adianta

 

Madvillain – Supervillain Theme / O Terço – Adormeceu

https://www.youtube.com/watch?v=aRiLeyjsrdc

 

Huss und hodn – Reichwerfen / Chico Buarque – Ligia

 

J Dilla – Brazilian Groove / Ponta De Areia – Earth, Wind, & Fir

https://www.youtube.com/watch?v=JGW2SAOGmHUe

 

MF Doom – Absolutely / Ponta De Areia – Earth, Wind, & Fire

 

Madlib Medicine Show No. 2 – Flight to Brazil / Brazil by Music – Brazil by Cruzeiro (1972) /  Eduardo Araujo & Silvinha ‎- Opanige (Este trabalho, em especial, é uma coletânea de músicas brasileiras. Vale a pena procurar todos eles.https://www.youtube.com/watch?v=T5vQ1G1bPdc

 

Madlib – Speto de Rua / Este foi um trabalho gravado em uma viagem do produtor, em 2002, pelo Nordeste Brasileiro. Não está disponível no youtube, mas no link abaixo tem mais informações sobre o trabalho, bem como ele pode ser adquirido.

https://www.discogs.com/Madlib-Speto-Da-Rua-Dirty-Brasilian-Crates-Volume-1/release/1543475

 

Enfim, são muitos os músicas gringos que na música brasileira encontram inspiração para suas criações. Esses foram alguns exemplos e amostras, porém, o catálogo é enorme.

Espero que curtam, e vamos valorizar nossa música, que tem uma riqueza e importância enorme.