20 anos de “Sobrevivendo no Inferno”

” 60 por cento dos jovens de periferia sem antecedentes criminais á sofreram violência policial. A cada quatro pessoas mortas pela policia, três são negras.
Nas universidades brasileiras apenas 2 por cento dos alunos são negros.  A cada quatro horas, um jovem negro morre violentamente em São Paulo
Aqui quem fala é Primo Preto, mais um sobrevivente”

 

No final de 1997, era lançado o que, pra mim, é o maior álbum da história do RAP Nacional – e que talvez nada o supere em questão de importância ou qualidade, numa época em que ninguém dava atenção ao som que vinha das favelas do Brasil.

 

“Sobrevivendo no Inferno” foi o quinto álbum de estúdio lançado pelos Racionais MC’s. Antes disso, o grupo já tinha uma reputação de 10 anos na cena underground, onde o RAP, em quase sua totalidade, existia. O disco foi o maior divisor de águas dentro da cena e o primeiro a romper as barreiras do “subterrâneo”, e a atingir um conhecimento dentro da cena mainstream da música, chegando até a MTV e outros canais, passando da marca de 1,5 milhões de cópias vendidas na época do lançamento. Tudo isso de forma totalmente independente.
Mas, antes de falar sobre o disco de forma técnica, ou fazer uma resenha sob a ótica musical, acho importante dizer o quanto esse disco é importante pra mim, de forma sentimental, ou com relação a minha vida e iniciação ao RAP:

“O ano era 98, 7 anos de idade, meu pai trabalhava em um shopping na Avenida Paulista. Ele tinha um amigo, que tinha um Chevette (eu amo Chevette demais, espero que a fotografia de RAP me de granas pra comprar um, hahahaha), e sempre tocava nesse carro uma fita k7, com uma batida forte e umas letras que, na época, me apavoravam. Sempre que eu ia dar um rolê com meu coroa depois do trabalho, eu estava nesse carro, ouvindo essa mesma fita. Até que, um dia, perguntei ao amigo dele do que se tratava, e ele me mostrou uma capa preta, com uma cruz no meio e letras que eu – ainda, não entendia.

 

Capa criada pelo artista Marcos Marques.

 

Chegando em casa, um dia, disse que queria demais essa fita. Enchi o saco dos meus pais, até que eles me deram uma grana – algo em torno de 5 reais, para comprar a fita. Só que havia um porém: Meu primo também amava essa fita, e a única banca do bairro que vendia, tinha apenas uma fita. Decidimos, eu e meu primo, apostarmos corrida até a banca, para decidir quem ficaria com ela. Eu venci, e comprei a fita.

 

Nunca soube por onde ela se perdeu nesses 20 anos depois do episódio. Mas tenho uma lembrança maravilhosa dessa época, do que vivia, do mundo como era, do prazer que existia em ouvir RAP num toca-fitas e coisas do tipo. Deixo aqui registrado meu agradecimento ao meu pai e ao amigo dele, por me introduzirem, sem saber, ao mundo do RAP.”

 

Passada minha história ~lindinha~, gostaria de fazer algumas observações sobre o disco e desenrolar a resenha falando um pouco mais do trabalho.

 

“Sobrevivendo no Inferno” é o álbum mais aclamado dos Racionais por diversos motivos. Além de ter sido o grande boom para o grupo, concretizando o posto deles como o grupo mais importante da história do RAP Nacional, ele trás uma produção impecável do KL Jay. Nomes como Isaac Hayes, The L.A Express, Edwin Starr, Curtis Mayfield, Tim Maia, Bar-Keys, entre vários outros figuram entre as amostras usadas pelo DJ e produtor para compor o disco.  As batidas, sempre muito agressivas, assemelhando ao Gangsta RAP americano, contrastam com os samples da velha escola do soul, funky, blues, o que eu acho foda pra caralho.

 

Difícil para mim, que sempre tive um apreço maior por batidas do que por letras, escolher qual delas eu mais gosto, percebo que todas foram feitas de forma muito estudada e nenhuma delas se parecem nesse disco, apesar da temática uniforme. Mas, andar de Opala ouvindo “Capítulo 4, Versículo 3” é quase um orgasmo auditivo. Outra música importante pra caralho é “Rapaz Comum”, um relato incrível da criminalidade, visto em primeira pessoa pelo Edy Rock, sendo essa, pra mim, a melhor letra do Cocão, de todos os tempos. O boombap tomou novas formas nesse disco, saindo do padrão de batidas de marcações “quadradas” (o que não é uma critica, mas uma forma que algumas batidas eram feitas no Brasil, nessa época, na questão do sequenciamento da bateria), para coisas mais elaboradas, com uma pegada mais quebrada, enfim, o padrão foi quebrado com primazia.

 

Ou seja, é um álbum para se ouvir do começo ao fim, sem ter a sensação de que as coisas foram feitas todas da mesma forma, Até porque, estamos falando de KL Jay, amigos.

 

Com relação as rimas, pode ser até algum clichê falar da qualidade e do storytelling que tem os integrantes do grupo, mas devemos frisar que, em 1997, a taxa de homicídio em São Paulo era a terceira maior da América Latina, e um jovem do bairro Capão Redondo tinha 12 vezes mais chances de morrer, segundo dados no site RAP Genius. A crueldade da polícia com a população das favelas era extrema. No mesmo ano do lançamento do álbum houve o caso da chacina na Favela Naval, em Diadema/SP, que ficou conhecido no Brasil todo. Foi um disco que retratou isso, onde a mídia jamais fez questão de entrar é contar a história daquelas pessoas. Foi um disco que escancarou problemas que os negros sofrem no Brasil desde que aqui pisaram pela primeira vez. Não apenas os negros, mas os jovens de toda a periferia, não apenas em São Paulo, até porque “Periferia é periferia, em qualquer lugar a gente morre”. Em 2007 a Revista Rolling Stones elegeu o disco como o 14º melhor álbum da musica brasileira.

 

Nessa lista, além desse disco, temos também “Nada como um dia após o outro dia”, também dos Racionais. Com isso, podemos ver como era o cenário da época, não só para o RAP, mas para toda a cultura preta e periférica.

 

Passando por letras que trazem os poucos momentos de alegria, curtição dos negros e favelados da época, retratada em “Qual mentira vou acreditar”, os moleques perdidos na cola em “Magico de Oz”, os amigos que se foram, a vivência nas quebradas e nostalgia em “Formula Mágica da Paz”, entre muitos e muitos clássicos presentes no disco.

“Sobrevivendo no Inferno” é um documento histórico de como viviam, e de como eram mortos os jovens das comunidades carentes – o que o RAP nunca deveria deixar de ser.

Para quem ainda não conhece o disco OUÇAM o quanto antes e peguem o Asè dos Deuses do RAP Nacional.

Conheça um pouco da história de um dos maiores nomes do Hip Hop: Nas

 

nas

No dia 14 de setembro do ano de 1973 nascia, em Nova York, Nasir bin Olu Jones. Nas, como é conhecido, é filho do músico de jazz Olu Dara e foi criado nos conjuntos habitacionais de Queensbridge, no bairro do Queens.  O rapper ficou conhecido pelo clássico álbum Illmatic de 1994. Uma obra prima de altíssima qualidade! Nas tinha apenas 20 anos quando lançou esse álbum e quebrou todos os padrões e mudou o hip hop! Illmatic é considerado como um dos melhores álbuns de rap de todos os tempos!

Para você ter uma ideia da grandeza que foi o Illmatic ele já foi tema de documentários e diversas pesquisas. O conteúdo das letras falava sobre o cotidiano nos conjuntos habitacionais que Nas viveu. As músicas são profundas que contam histórias e trazem memórias traumáticas da adolescência do rapper. O álbum apresentou novos conceitos. O álbum é foda!

Capa do álbum Illmatic

Vamos continuar falando da carreira desse monstro…

Em 1996 o rapper lança o álbum It Was Written

Em 1999 o rapper lançou dois álbuns: I am… e Nastradamus

No ano de 2001 o álbum Stillmatic estremeceu o hip hop com o single “Ether”, um diss para nada mais nada menos que Jay-Z, em resposta para a música “Takeover” de Jay-Z.  Mas os dois não eram de Nova York… East Side. Todo mundo unido, não? Vamos explicar;

Jay-Z vs Nas

Segundo a lista da revista Rolling Stones ( As dez maiores brigas da história do rap) a briga teria começado por causa de um terceiro, Memphis Bleek. Na música “My Mind Rigth”, de 2000 ele faz críticas nas entrelinhas a Nas. Para quem não sabe Mamphis foi o primeiro artista da gravadora do Jay-Z, Roc-A-Fella Records, por causa da amizade dos dois.

Nas não deixou barato né e já mandou várias indiretas, mas o negócio pegou fogo mesmo foi quando Jay-z mandou a real em “The Takeover”, sem entrelinhas, sem indiretinha. Nas respondeu a altura em “Ether”. Na época os ouvintes da rádio Hot97 considerou Nas o vencedor da briga.

Quem ajudou a acalmar os ânimos foi o produtor Mark Pitts. Mas o público teve certeza do fim da briga em 2005 quando os dois dividiram o palco no show “I Declare War”.

Nas e Jay-Z

Vamos voltar a biografia de Nasir;

nasEm 2002 ele lança God’s Son e em 2005 Street’s Disciple e conta com dois singles de sucesso, “Bridging the Gap”, que conta com a colaboração do seu pai Olu Dara, e “Just a Moment”, que conta com a participação de Quan.

Em 2006, lança mais um álbum, intitulado Hip Hop Is Dead.

Em 2008 (vem mais polêmica), Nas lança o álbum que inicialmente recebeu o nome de Nigger, termo pejorativo usado nos Estados Unidos para se referir aos negros, mas um pouco antes de seu lançamento oficial, o álbum acabou sem título, Untitled. O álbum veio carregado de críticas ao racismo.

No ano de 2010, foi lançado mais um álbum, chamado Distant Relatives, agora com parceria do cantor de reggae Damian Marley.

Recentemente Nas lançou uma música em pareceria com Dj Khaled “Nas Album Done

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Curiosidades

Bolsa de estudos oferecida por Harvard foi batizada em homenagem a Nas.

Nas faz aniversário no mesmo dia que fazia a Amy Whinehouse

Fiquem  com o show ao vivo dele cantando as músicas de Illmatic

Fontes:

http://www.vice.com/pt_br/read/a-histria-por-tras-de-illmatic-do-nas-e-quase-tao-incrvel-quanto-o-disco?utm_source=vicefbbr

10 formas em que o Illmatic mudou o hip-hop:

 

#HappyBirthdayEminem

Hoje, dia 17 de outubro, é aniversário de  um dos rappers mais polêmicos. Marshall Bruce Mathers III, mais conhecido como Eminem, completa mais uma primavera. O rapper que nasceu em St. Joseph, Missouri, teve uma infância bastante conturbada. Seu pai o abandonou quando tinha um ano e meio. Após isso mudou-se várias vezes com sua mãe Deborah Nelson Mathers, até se estabeleceram em Detroit.

Eminem

Eminem estourou sua carreira no ano de 1999, com o lançamento do álbum , The Slim Shady LP, o qual venceu o Grammy Award de Melhor Álbum de Rap. A partir daí sua carreira foi marcada por diversas brigas entre rappers, processo por causa de suas letras e muita criatividade e talento. E muitas parcerias como com a Rihanna, Jay z, Elton John, Dido , Dr. Dree, 50 cent, Bruno Mars entre outros.

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Muitos dizem que Eminem é um rapper branco com alma de negro. Mas dizem isso não por preconceito ou por apenas dizer que só os negros cantam rap. Mas porque Marshall Bruce Mathers III teve uma vida sofrida, com dificuldades e venceu todas elas. E mostrou que a pobreza e algumas desgraças na vida de um ser humano acontecem, não importa sua cor.

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A página parabeniza a esse rapper tão importante no mundo do rap. Parabéns Eminem! E pra não passar em branco separei uma playlist!!

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