NMGA pede LICENÇA PRA CHEGAR!

Texto original publicado na página do selo Carranca Records.

Hoje, 21, o Bruno a.k.a NGMA lançou oficialmente seu primeiro single, “Licença pra chegar”, pelo selo Carranca Records. Lançamento esse que foi o último lançamento do ano.

“Licença pra chegar” é a introdução do NGMA no mundo do rap. É uma declaração de amor ao hip hop e ao rap, que muda e salva tantas vidas diariamente. Uma autêntica carta de apresentação ao game, NGMA mostra que não veio pra brincar.

Com referências desde Ab-Soul, até Rua de Baixo, passando por todo o supra sumo do RAP nacional e internacional, NGMA vem mostrando toda sua versatilidade, lírica e rimas carregadas de sentimento e vida.

Fiquem ligados na página do coletivo, pois em 2017 os caras vem com tudo!

 

 

 

Sobre mulheres, cinema, futebol e as festas na ilha: A obra-prima do Jovem Maka.

Lembro do dia que a Dé (colaboradora do Rap Em Movimento) me mandou essa mixtape no inbox e disse: “Marco, escuta isso que acho que você vai gostar”.

Eu sou um pouco resistente para conhecer coisas novas, por causa do meu amor por tudo que é velho, porém a capa me chamou muita atenção: uma ilustração simples do que parece ser uma mulher, ou duas mulheres, entrelaçadas em suas partes íntimas. Dei play, e dali em diante esse álbum virou um grande novo amor nos meus fones.

Makalister é um MC de Santa Catarina, mais precisamente Florianópolis, que já lançou alguns trabalhos anteriormente, como o EP “Makalister Renton, que vocês podem conferir aqui e muitos outros singles lançados em seu canal no YouTub

Seu nome é uma homenagem ao jogador de futebol Mac Allister, que atuava pelo Boca Juniors, da Argentina; Como podemos notar aqui, e durante a análise de alguns sons do Maka, ele tem uma paixão muito grande por futebol, o que ele desenrola em suas músicas.

O cara, que  sem trampar desde agosto desse ano, decidiu usar esses 4 meses que restam de 2016 para dar vida as suas produções, como o mesmo afirmou em entrevista para a VICE.

Mas, tirando um pouco do foco sobre os trabalhos anteriores do MC e de sua vida, fiquei encantando pelo último trabalho lançado, que é o tema dessa resenha.

“Laura Miller Mixtape”, que dá nome à obra, é uma homenagem, como o mesmo sinalizou no lançamento do trampo no seu canal na internet. Uma homenagem a suas influências e toda sua rica bagagem cultural que permeia a mixtape. Aliás, esse é o primeiro lançamento de uma trilogia chamada “Sexo a Três”, que conta com mais dois lançamentos chamados “Camila Pitanga Mixtape” e “Fernanda Takai Mixtape”. Daí já podemos ter uma ideia do que vem pela frente.

“Laura Miller Mixtape” e´quase que totalmente baseado nas experiências do Maka a acerca do amor, sexo, e dos relacionamentos em geral. Claro que, durante as rimas, podemos ter uma ideia das reflexões do cara com relação a sua vida, sua visão de mundo, ideologias, bem como percepções sobre outros assuntos. Porém, o álbum tem uma carga enorme de rimas e histórias sobre o amor, e isso pode ser visto na própria capa do trabalho e em seu nome, inspirado na sexóloga do Programa Altas Horas.

O curioso sobre esse trabalho é que a maioria das rimas foram gravadas em um celular, dando um tom sujo e caseiro ao trabalho, o que, ao contrário do que se possa imaginar, não tira mérito a qualidade da mixtape, que foi mixada pelo Goss e Rodrigo Locaut, além das produções, que beiram o TRAP e beats experimentais, dos quais me chamaram muito a atenção pela qualidade, sendo alguns produzidos pelo próprio Maka e outros manos como Elifi, Victor Xamã e Arit.

A mixtape começa com “Punto G”, que faz um trocadilho com o Ponto G, e é uma música onde o Maka fala sobre uma garota que se relacionou e alguns de seus gostos e suas visões de mundo, Além disso, ele trás a sua percepção sobre o jogo do RAP e sobre seus desejos com relação ao seu futuro, como podemos ver no trecho:

E quando eu partir outro guerreiro nasce/Eu vou fazer valer os meus dias na terra/Bem sucedido, muito fino/Escrevendo livros, dirigindo filmes/Tatuar na costela “SPEED FREAKS”/Rodar o Brasil enquanto escrevem “disses”/Copiando o meu flow e o estilo dos beats”.

Além disso fica explicito o amor do cara pela arte, e sua influência pelo underground.

O trampo vai se desenrolando com sons como “Um homem que dorme”, uma das várias referências ao cinema cult, como ao filme de mesmo nome do som. Aliás, graças a esse trabalho, eu mesmo passei a me interessar mais por cinema e conhecer um pouco desse “lado b” da cena. Outro som que tem o título inspirado no cinema é “Pele que abandono, fazendo alusão ao filme espanhol “Pele que habito”.

Fica difícil falar de todas as músicas da mixtape detalhadamente, porém, dois sons me chamaram muito a atenção e por isso quero citar ambos nesse review.

O primeiro deles é “JovemBlvckFriday” que tem um dos beats mais cabulosos do trabalho pelo estilo atemporal e experimental do mesmo, sendo complicado até mesmo de dizer qual estilo do mesmo. E tem uma letra que mostra uma outra face do MC, talvez mais otimista e menos melancólica, ou menos nostálgica com relação ao amor, caso prefiram este termo. Se baseia nas “festas da ilha”, onde o mesmo reside, e serve de pano de fundo para muitos dos rolês do Maka, “onde as garotas bonitas se soltam”, como o mesmo diz na rima.

Outra música que me chamou a atenção foi “Faixa 08”. Em minha opinião é a faixa que bate o carimbo quanto a qualidade da sua lírica, a bagagem cultural que o MC incorpora em suas músicas e que mostra toda sua capacidade metafórica, marca registrada nas rimas e que me deixou apaixonado por esse trabalho.

Em versos como:“Mulher indômita/Fruta que caiu longe do pé/Longe do prédio” podemos ver o jogo de palavras, a exploração do mesmo com relação a palavras pouco usadas em rimas, e a metáfora entre “fruta que caiu longe do pé” e uma pessoa que o MC, segundo suas rimas, não teve com ele.

No resto da música, como nas demais da mixtape, podemos notar o uso de pano de fundo de situações banais, mas com uma riqueza enorme de detalhes, o que faz com o que o álbum se projetasse na mente de quem o ouve, se tornando quase que um clipe mental.

Um adendo é que, todas as demais músicas são muito fodas e trazem suas particularidades, mas todas elas envolto dessa temática, o que torna a mixtape bem fluída. sendo possível ouvi-la do começo ao fim, o que é muito agradável para quem tá curtindo o som.

Resumindo, “Laura Miller” é um álbum que trás boas e más lembranças para todos aqueles que já viveram histórias de amor, de sexo, mas que mexe com a cabeça e imaginação de quem está ouvindo. Makalister é um dos MCs mais líricos e talentosos da nova geração, e confesso que, esse foi um dos meus álbuns favoritos do ano. Fica evidente a facilidade do Maka em contar situações com detalhes que nos fazem imergir na história e no som, criando todas as situações ali apresentadas. E também não deixa de ser uma grande referência para quem é amante da sétima arte. É um trabalho que pode ser escutado junto do seu amor, da galera, mas que, quando sozinho, na madrugada, tem um sabor muito especial.

Vocês podem conferir a mixtape aqui e seguir o trabalho do Makalister em sua página no facebook facebook.