Dia 24 de janeiro! Essa data não poderia passar batida! Onze anos sem o grande poeta do Canão. Mauro Mateus dos Santos o grande Sabota! Usar as palavras para contar um pouco da história do mestre das rimas é uma tarefa difícil. Mauro Mateus dos Santos, um nome tão simples. Nascido na periferia, sofredor, com uma chance mínima de vencer na vida. Usou o rap para vencer, para dar voz à periferia. Onze anos depois de sua morte seu nome é sinônimo de inspiração para quem esta na trilha da música. Sua história virou lenda. Aquelas histórias que o pai conta para filho antes de dormir. Suas músicas viraram hino da periferia. No dia 3 de abril do ano de 1973 nascia mais um “neguinho” para a periferia. A vida nunca foi fácil, e quem disse que seria?! Antes de conhecer o rap o neguinho era apenas Mauro Mateus dos Santos. O pequeno Mauro se via na música “O meu guri”, de Chico Buarque e se imaginava cantando. Para se inspirar ouvia Malcolm McLaren, Afrika Bambaataa e Barry White. Mas o que ele mais se identifica era Barry. Porque como Sabotage também perdeu seu irmão para o crime. Sempre andava com um caderninho para escrever música. As pessoas a sua volta diziam “Meu,você é louco! Vai puxar uma carroça, pegar um papelão, jornal, levar um dinheiro pra casa”. Mauro seguiu os caminhos do crime antes de se envolver totalmente na música. Durante sua adolescência já dava trabalho. Foi internado na antiga FEBEM (atual Fundação Casa), foi assaltante e se tornou até gerente de tráfico. No ano de 1995 foi indiciado duas vezes, uma por porte ilegal de arma e a outra por tráfico de drogas. Seu apelido se deu por sempre estar conseguindo burlar (sabotar) as leis com um tremendo êxito. Sabotage já possuía o jeitinho brasileiro em um nível avançado vamos assim dizer. Até o fim de sua vida sempre morou na periferia e como consequência de seu envolvimento no crime vivia em uma constante de guerra. Nos anos de 88 e 89, começou a se inscrever em concurso de rap. Em um deles conheceu Mano Brown e o Ice Blue. Sabotage com seu desempenho levava músicas totalmente fora dos padrões do concurso e isso chamava a atenção. Suas músicas eram de sua própria autoria. Suas letras eram carregadas de fé, compromisso, realidade e respeito. O rapper só teve um álbum solo, o Rap é Compromisso. Mas fez diversas participações especiais principalmente com RZO e Chorão. Na música ele se tornou mestre. Suas letras remetem a uma realidade esperançosa vamos assim dizer. Sabota gostava de alertar que o Rap é compromisso, que Respeito é pra quem tem e que a “Coca” Mata. E que Um bom lugar se constrói com humildade.
Sua morte foi no dia 24 de janeiro de 2003, um dia triste para o rap nacional. Lembro-me desse dia e principalmente do que senti nele. Com apenas 11 anos e já infectada com o vírus do rap senti uma enorme tristeza. A favela perdia uma voz, perdia um poeta e nascia uma lenda. Sabotage era pai de três filhos e casado com Maria Dalva da Rocha Viana. Agradeço a Mauro Mateus dos Santos por ter me inspirado ainda na infância. De mostrar que independe de sua origem você pode ter voz. Eu não componho mais rap, mas uso esse blog para dar voz aos meus pensamentos. Não vou deixar uma playlist mas vou deixar o link do seu documentário lançado ano passado. Vale a pena. [youtube=http://www.youtube.com/watch?v=tWQ-kEhtTmA&hd=1]