Falar da cena Underground de São Paulo, e até mesmo do Brasil, sem falar de Espião e Rua de Baixo é quase um sacrilégio.
Para quem não sabe o cara é um dos percussores do RAP alternativo no país e está no corre desde 1993. Quando ainda estava na escola fez suas primeiras letras com seu amigo IC e dentre uma dessas composições surgiu o nome viria a ser aclamado pelo publico do “Hip Hop intergaláctico, alienígena”.
O álbum “Envelhecido 13 anos” foi lançado em 2006 de forma totalmente independente no “Porão da Casa do Espião” entre outros estúdios. Considerado mais do que um simples CD o trabalho é uma coletânea de todas as produções do grupo durante 13 anos de carreira. O disco contou com a participação de todos os caras que faziam parte da banca Rhima Rara, como Mzuri Sana, Elo da Corrente, Ascendência Mista, mais participações de Parteum e Zorak, além de, é claro, DJ Duenssa. Ou seja, só peso pesado, que faz dessa coletânea uma das minhas favoritas do RAP Nacional.
O que mais chama atenção no disco é o jogo de palavras com o qual, não só o Espião faz, mas todos os integrantes do álbum. Em uma fase onde o RAP Nacional era tomado por temas como o crime, drogas, a truculência policial, “Envelhecido 13 anos” trouxe uma nova visão, com uma nova roupagem tanto de produção como nas letras, mostrando que é possível se falar de outros temas sem perder a essência do Hip Hop.
Aliás, essa é uma questão interessante do álbum , onde as letras abordam desde fatos do cotidiano, como em “Pra Você”, como toda a cultura Hip Hop, em especial na faixa “Rastro Mágico”. Outra faixa que mostra toda a facilidade do coletivo com as rimas é “O Tempo”, onde o Espião faz um jogo de palavras sem comparação, com um tema reflexivo sobre morte, vida tempo, como no verso:
“Na beira do precipício, entre a vida e o suicídio/ Se me empurram é o homicídio, se eu caio é acidente, mas pra morte é indiferente/ Porque o tempo é linear esegue a mesma direção, ela tá lá no fim da linha me esperando com um facão, e disso ninguém tá isento/ Mas meu limite não é a morte, o meu limite é o tempo…”.
Esse álbum marcou uma geração, como marcou uma nova caminhada para a cena paulista e nacional, dando caminho para que outros grupos viessem a representar a cena underground, fazendo uma das mais fortes do país e de onde saíram grandes artistas que levaram o nome da cena independente.
Ouça o álbum aqui: https://www.youtube.com/watch?v=vDCTtyLBpb4